Excelente série documental dividida em 6 episódios com cerca de 60 minutos cada. Com pouco mais de 20 anos a separar os dois conflitos mais cataclísmicos do
século XX – a 1ª e a 2ª Guerras Mundiais – muitos historiadores defendem que não
foram contendas individuais, mas um contínuo sangrento que começou por afetar a
Europa e se estendeu ao resto do mundo.
Assim, as figuras mais icónicas da 2ª Guerra Mundial, aquelas que
associamos à glória em combate ou ao terrível fascismo, estiveram elas próprias
envolvidas em ambos os conflitos – primeiro, nas trincheiras de Ypres e do
Somme, e, anos mais tarde, muitas vezes no mesmo local, na Batalha das Ardenas
ou na invasão da Normandia.
Adolfo Hitler, Benito Mussolini, George S. Patton, Charles de Gaulle,
Douglas MacArthur… Antes de serem gigantes, foram soldados de infantaria e
soldados rasos na “guerra que poria termo a todas as guerras”. Esta é a
história dessas três devastadoras décadas de confrontos na perspetiva dos
homens que se fizeram nas trincheiras e viriam a comandar um mundo à beira do
abismo.
O trigésimo livro de Philip Roth, com apenas 127 páginas, aborda a tragédia do declínio, do envelhecimento, de forma simples mas com inteligência, subtileza e mesmo alguma psicanálise. Além da questão da decadência do indivíduo também somos obrigados a meditar em temas como o suicídio, a pedofilia e a homossexualidade. As descrições sexuais explícitas também estão presentes. Ao contrário do que é habitual em Roth, não há personagens que pertençam às tradicionais famílias judaicas nem discussões em torno de qualquer religião.
Simon Axler, de 65 anos, é um actor em crise, que já não consegue desempenhar o seu papel quando sobe ao palco e se vê “… aprisionado no papel do homem privado do seu próprio ser, do seu talento e do seu lugar no mundo.” O seu talento foi “desfeito em ar leve” (palavras do seu personagem Próspero de “A Tempestade” de Shakespeare. Também representou MacBeth).
Simon é casado com Victoria, uma bailarina frustrada, que já vai no terceiro casamento e que o abandona após o seu colapso. Apesar dos pensamentos suicidas, Simon prefere contactar o seu médico e o internamento num hospital psiquiátrico. Aí permanece durante vinte e seis dias e conhece Sybil van Buren, que foi lá parar após surpreender o marido a violar a filha!
“Meses depois de Axler ter saído do hospital, o seu enteado morreu de sobredose e o casamento da bailarina desempregada com o actor desempregado acabou em divórcio e chegou ao fim mais uma dos muitos milhões de histórias de homens e mulheres em união infeliz.” Simon inicia assim um período de reclusão.
Entra então em cena Megeen, de 40 anos, filha de um casal de amigos de Simon desde o tempo da juventude (Asa e Carol Stapleford), lésbica desde os vinte e três anos mas decidida a mudar a sua orientação sexual e por isso tornam-se amantes. Megeen tinha acabado recentemente uma relação amorosa de seis anos com Priscilla e mais recentemente tivera um caso de apenas três semanas com a reitora de uma faculdade que lhe tinha arranjado o seu último emprego.
Simon apaixona-se, recupera o ânimo perdido e chega mesmo a pensar em ter um filho. Megeen corresponde, expõe os seus maiores desejos eróticos e apenas receia a opinião dos pais em relação a este romance. E mais não conto apesar de considerar que o fim, com uma referência ao conto de Anton Tchekhov, “A Gaivota”, ser um pouco previsível…
Sobre o título da obra, penso que tem a ver não só com o facto de Simon desaparecer do seu mundo, da sua incapacidade de actuar, mas também com a bailarina desempregada, a reitora obcecada ou a esposa que vê a filha ser violada pelo marido.
O livro foi adaptado ao cinema em 2014 por Barry Levinson (já premiado com um Óscar em 1988 por “Rain Man”) e Simon Axler é interpretado pelo excelente Al Pacino que logo na primeira cena olha para a sua imagem num espelho e questiona a sua capacidade de encarnar outra pessoa. Magnífico!
Existem algumas diferenças em relação ao livro. No filme por vezes a imaginação mistura-se com a realidade, ignora-se a esposa Victoria, há referências a Hemingway, há um comboio na casa do Simon, Priscilla reaparece, há uma gata Emily que leva a uma visita ao veterinário, há uma interpretação do “Rei Lear”, é dado um grande destaque a Sybil, a abordagem sexual é bastante soft e, acima de tudo, tem um final diferente e surpreendente.
Por curiosidade refiro que ainda este ano vi mais três filmes de 2014 bastante interessantes sobre actores em crise: Birdman (de Alejandro G. Iñárritu); Maps To The Stars (de David Cronenberg) e Clouds Of Sils Maria (de Olivier Assayas).
1. The Antlers – Kettering
2. Wolf Alice – Silk
3. Tame Impala – Cause I’m A Man
4. The Weeknd – Can't Feel My Face
5. Patrick Watson – Love Songs For Robots
6. Alabama Shakes – Don’t Wanna Fight
7. John Father Misty – I Love You Honeybear
8. Foals – What Went Down
9. Florence & The Machine – What Kind Of Man
10. Franz Ferdinand + Sparks - Johnny Delusional
11. Damon Albarn – Sister Rust
12. The Naked And The Famous – Girls Like You