Não há como evitar. Chegada esta altura do ano perdemos algum tempo a tentar elencar os melhores do ano na música que foi sendo feita. É o tipo de eleição que vale o que vale, pois tenho para mim que a música não é a mesma coisa que uma corrida de Fórmula 1.
- Low - Double Negative
- Idles - Joy As An Act Of Resistance
- Cat Power - Wanderer
- Shame - Songs of Praise
- Arctic Monkeys - Tranquility Base Hotel & Casino
- Snail Mail - Lush
- Father John Misty - God’s Favorite Customer
- The Saxophones - Songs of the Saxophones
- Car Seat Headrest - Twin Fantasy
- The Breeders - All Nerve
- Spiritualized - And Nothing Hurt
- Yo La Tengo - There’s a Riot Going On
- Lucy Dacus - Historian
- Marlon Williams - Make Way for Love
- Anna Calvi - Hunter
- Iceage - Beyondless
- Kurt Vile - Bottle It in
- Wild Pink - Yolk In The Fur
- Belle & Sebastian - How To Solve Our Human Problems (Parts 1-3)
- Beach House - 7
1. Yuval Noah Harari – Sapiens – De Animais A Deuses – História Breve Da Humanidade
2. Gunter Grass – Descascando A Cebola
3. Javier Marias – Berta Isla
4. Halldór Laxness – Os Peixes Também Sabem cantar
5. Jennifer Egan – A Praia De Manhattan
6. Herta Muller – Hoje Preferia Não Me Ter Encontrado
7. Arturo Pérez-Reverte – Homens Bons
8. Frank McCourt – O Professor
9. Paul Theroux – Comboio-Fantasma Para O Oriente
10. Enrique Vila-Matas – Suicídios Exemplares
11. Elena Ferrante – História De Quem Vai E De Quem Fica
12. Bruno Vieira Amaral – As Primeiras Coisas
1. Jarvis Cocker – Baby’s Coming Back To Me 2. Zola Jesus – Wiseblood 3. Leon Bridges – River 4. Kings Of Leon – Over 5. Wild Beasts – Plaything 6. Palma Violets – 14 + Brave New Song 7. Courage My Love – Animal Heart 8. Billie Eilish – Copycat 9. Heaven – It’s Not Enough 10. The Lumineers – Dead Sea 11. Temples – The Golden Throne 12. Jonathan Wilson – Waters Down 13. Jenny Hval – Female Vampire 14. Nick Cave & The Bad Seeds – Push The Sky Away 15. Destroyer – Chinatown 16. Jamie Woon – Night Air 17. College & Electric Youth – A Real Hero 18. Sufjan Stevens – Tonya Harding 19. Cecilia Krull – My Life Is Going On 20. La Casa de Papel – Bella Ciao
Com oitenta e cinco anos de idade, Jack Gil, espião britânico em Portugal durante a segunda guerra mundial, recorda as suas aventuras naquele período, numa Lisboa que vivia a Guerra de uma forma diferente, num autêntico ninho de espiões e contra-espiões.
No entanto, mais do que um relato dos problemas políticos da época, é um reviver de memórias pessoais e românticas. O rumo da narrativa é mais “as mulheres de Jack” do que “Jack, o espião”. Quer dizer, estamos perante uma espécie de James Bond para quem as bond girls são mais importantes do que as suas funções como espião.
Não se trata de uma obra literária de grande fôlego; as personagens são caracterizadas de forma algo superficial e o enredo é algo previsível. Mas há outros aspetos que me fazem recomendar este livro.
Em primeiro lugar, é uma leitura fácil e divertida. A emoção não falta, os diálogos são simples e diretos, não há descrições nem reflexões enfadonhas. É uma leitura que prende o leitor pela emoção e suspense.
Em segundo lugar (e este é o aspecto que considero mais importante), é um romance bastante pedagógico porque desfaz alguns mitos muito arreigados na mente simplista de muita gente: tal como a revista Visão explicava há pouco tempo, Salazar não teve grande mérito na famigerada neutralidade portuguesa durante a Segunda Guerra Mundial. Salazar manteve Portugal fora da Guerra porque, na verdade, a Inglaterra nunca teve qualquer interesse na nossa participação porque não estava interessada em criar mais uma frente de combate. Por outro lado, foi Hitler que nunca quis invadir a Península Ibérica por considerar Portugal e Espanha países amigos.
Este livro mostra-nos bem que essa neutralidade nunca existiu: o Portugal de Salazar colaborou claramente com a Alemanha de Hitler, quer através do fornecimento de volfrâmio para o armamento alemão, quer pelo apoio ou pelo menos o “fechar os olhos” a combates aéreos que se deram em território nacional, a ataques sistemáticos dos submarinos alemães a navios aliados em águas portuguesas ou a perseguições a refugiados por parte dos espiões alemães.
Em suma, estamos perante um livro que merece ser lido pela leveza com que aborda o assunto mas também pela informação que podemos retirar do livro sobre este período tão controverso da história contemporânea portuguesa.
1. Marlon Williams & Aldous Harding - Nobody Gets What They Want Anymore
2. Cigarettes After Sex - Crush
3. First Aid Kit - Rebel Heart
4. Ty Segall - My Lady’s On Fire
5. Unknown Mortal Orchestra - Everyone Acts Crazy Nowadays
6. Courtney Barnett - Need A Little Time
7. Protomartyr (Ft. Kelley Deal) - Wheel Of Fortune
8. Beach House - Black Car
9. The Kills - List Of Demands (Reparations)
10. Lower Dens - Hand Of God
11. Simian Mobile Disco - Hey Sister
12. Chvrches (Ft. Matt Berninger) - My Enemy
13. Gulp - Morning Velvet Sky
14. Young Fathers - Toy
15. Superorganism - Everybody Wants To Be Famous
16. Adrianne Lenker - Symbol
17. Spiritualized - Here It Comes (The Road) Let’s Go
18. Christine And The Queens (Ft. Dâm-Funk) - Girlfriend
19. Haley Heynderickx - The Bug Collector
20. Father John Misty - God’s Favorite Customer
Não será fácil juntar canções tão ecléticas quanto aquelas que Torres selecionou para este terceiro álbum, Three Futures, quando tudo gira em torno de uma voz tão vincada… mas a norte-americana fá-lo com distinção. Afastada das guitarras ásperas e ambientes tendencionalmente lo-fi do antecessor Sprinter, pega numa paleta onde permanecem os tons do rock que sempre abraçou mas na qual inclui novas cores, mais garridas e de hoje. A espiral sintetizada do magistral «Helen in the Woods» rouba o protagonismo num disco que ainda nos oferece, sempre com uma certa dose de violência latente, a passada sombria de «Tongue Slap Your Brains Out», a intimidade de «Skim» e «Three Futures», as picadas eletrónicas de «Bad Baby Pie» e «To Be Given a Body» e a assertividade de «Righteous Woman».
Ontem faleceu um dos meus escritores contemporâneos
favoritos, Philip Roth (outros são, por exemplo, o também norte-americano Paul
Auster, os britânicos David Lodge e Ian McEwan e o japonês Haruki Murakami).
Philip Roth morreu aos 85 anos, publicou mais de 30 obras, a
maioria publicada em Portugal, sendo os temas recorrentes essencialmente a
cultura na América, o sexo, o anti-semitismo, a morte e a luxúria. A título de
exemplo, AQUI podem ler a minha opinião sobre três das suas obras.
A Matemática é um desafio aliciante para uns e uma grande dor de cabeça para outros, mas poucos lhe ficam indiferentes - até porque não dá para fugir dela na escola. Nos dois enigmas que apresento abaixo é só fazer contas e juntar alguma perspicácia.
Não custa nada tentar, pois as contas de somar que surgem nestes problemas, aparentemente erradas, têm uma lógica. No primeiro enigma devemos procurar uma explicação lógica para as diversas "igualdades" e no segundo desafio encontrar o valor em falta.
Para mais enigmas é só abrir o ficheiro ao lado intitulado "Quebra-Cabeças (nº 8)", que contém mais de 250 problemas matemáticos.
O segundo disco de Julien Baker assume a sua missão de diário confessional. Não de uma artista jovem, que o é, mas sim de uma artista madura. Tal como aconteceu em Sprained Ankle, usa as canções de Turn Out The Lights para fazer um retrato de si mesma. Um retrato duro e auto depreciativo. Ao piano ou à guitarra, com a ajuda ocasional de sopros ou cordas, Baker apresenta um conjunto de baladas onde expõe e expurga os seus fantasmas e receios num disco que transparece como honesto. Entrar aqui é aceitar os termos do contrato; ninguém vem para encontrar um escape, somente para dar de caras com a dura realidade. E no caminho encontrar canções de enorme beleza. Quem entrar depois feche a porta a apague as luzes.
A citação, supostamente de Albert Einstein, “há duas coisas que são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta”, é daquelas expressões que “bombam” nas redes sociais e confere ao autor do post uma espécie de grandeza intelectual e filosófica.
Fico surpreendido com as pessoas que se indignam com a estupidez dos adolescentes, como se a sua estupidez adolescente tivesse sido imaculada. Ainda mais surpreendido fico com quem se admira que os adolescentes, na sua estupidez inescapável, mas de expressão contemporânea, gravem e partilhem publicamente os exercícios imberbes a que naturalmente se dedicam.
Os indignados são provavelmente os mesmos pais que mostram online os seus filhos – de cara destapada -, praticamente desde que nascem. E são os mesmos pais que expõem diariamente a sua banal intimidade nas redes sociais. Dão um mau exemplo e estabelecem as regras para uma nova e estranha normalidade, em que não há qualquer problema na exibição pública do que devia ficar sempre na esfera privada. Ao menos para ensinar aos filhos que a estupidez na net é eterna.
Lana Del Rey tem apurado o seu estilo de pop cinemática, conduzido pela sua voz de contralto melancólico, qual máquina do tempo que nos transporta para a altura em que os homens faziam serenatas à janela da mulher desejada e para os tempos onde a criança se divertia na rua e só era chamada para casa à hora do Jantar.
Desde Honeymoon que Del Rey arranja a caminha perfeita para a sua voz. Não há rasgos de guitarra, baixos a bombar ou instrumentação grandiosa; só uma música de cariz retro qb, com arranjos de piano e eletrónica sofisticada.
Com a mesma honestidade com que no passado escreveu sobre sexo desenfreado, drogas, álcool e várias formas de dor autoinfligida, Del Rey em Lust For Life, disco lançado em 2017, mostra-se apaziguada com as agruras da vida, como as traições - «In My Feelings», uma das melhores canções do disco, é aparentemente dedicada a um desgosto amoroso com o rapper G-Easy. «White Mustang» e «Groupie Love» são mais duas canções dolentes que serpenteiam num deserto de amor não correspondido. Da nova colaboração com A$AP Rocky e Playboi Carti surge outra canção para degustar ao entardecer com o pé na água salgada, «Summer Bummer», e os duetos com Stevie Nicks, The Weeknd e Sean Lennon são escolhidos a dedo. Lust For Life tem poucas falhas e «Love» é a introdução perfeita para um disco esperançoso, seguro, onde Del Rey celebra a força da juventude de hoje, com o romantismo de outros tempos – flores no cabelo, vestidos curtos e Fords descapotáveis dos anos 50.
A música de Del Rey reflete sobre as experiências dos jovens da sua geração (e dela própria) e, estilisticamente, apela à nostalgia pelo passado de uma América idealizada.
1. Jonathan Wilson - Loving You
2. Wolf Alice - Sadboy
3. Belle and Sebastian - We Were Beautiful
4. Wooden Shjips - Staring At The Sun
5. First Aid Kit - Fireworks
6. Shame - Angie
7. Car Seat Headrest - Beach Life-In-Death
8. Sunflower Bean - Twentytwo
9. MGMT - When You Die
10. Neko Case - Halls Of Sarah
11. Marlon Williams - Come To Me
12. The Breeders - MetaGoth
13. N.E.R.D. - Deep Down Body Thurst
14. Sufjan Stevens - Mystery of Love
15. Sharon Van Etten - Do You Realize?
16. Toy - You Make Me Forget Myself
17. Jack White - Connected by Love
18. Anna Burch - 2 Cool 2 Care
19. Andra Day (Ft. Common) - Stand Up For Something
20. Oneohtrix Point Never (Ft. Iggy Pop) - The Pure And The Damned
- David Lagercrantz – A Rapariga Apanhada Na teia De Aranha
- Zoran Zivkovic – O Último Livro
- Colleen McCullough – Agridoce
- Umberto Eco – A Vertigem Das Listas
- Yuval Noah Harari – Sapiens – De Animais A Deuses – História Breve Da Humanidade