Quem já viu os
Swans ao vivo sabe que não há dois concertos iguais, nunca antecipando o que esperar do quinteto formado pelo músico Michael Gira em 1982. Gira subiu ao palco, pegou numa guitarra acústica, sentou-se e, com a acidez que caracteriza a sua reputação, criticou o facto de as luzes do palco ainda estarem acesas.
De seguida, iniciaram o concerto com “
The Beggar”, faixa-título do novo disco, o 16º, que é Swans em estado puro. Um acorde insistente serve de âncora durante a música que, com as invocações xamânicas de Gira, vai fervilhando com maior e maior intensidade até este martelar o ar com a sua mão indicando uma explosão de som por parte da banda.
Seguiu-se “
The Hanging Man”, uma das melhores músicas do álbum anterior, “
Leaving Meaning”, cuja atmosfera paranoica é ampliada pela performance do baixista Christopher Pravdica que martelou a linha de baixo com a sofreguidão que a canção pede.
Conhecidos como uma das bandas mais intensas e poderosas em palco, debitando altos níveis de decibéis (no início foram fornecidos protetores para os ouvidos, imprescindíveis para quem estava, como eu, na primeira fila).
É difícil adjetivar uma performance dos Swans. Palavras como transcendente, religiosa ou brutal são lugares comuns que não fazem justiça à intensidade do concerto. Uma pessoa não experiencia um concerto dos Swans; uma pessoa é submetida a um concerto dos Swans.
Setlist:
1. The Beggar
2. The Hanging Man
3. I Am A Tower
4. Guardian Spirit
5. Away
6. Red Yellow
7. Birthing
A noite musical iniciou-se com a convidada especial da banda,
Maria W Horn que mostrou durante cerca de 30 minutos as suas criações, incluindo "
Kontrapoetik" (2018), "
Vita Duvans Lament" (2020) e "
Dies Irae" (2021). A poesia sonora de W Horn, enredada com cabos elétricos e estilhaços, fez-se de crepitação, lume brando e fumaça densa parecendo misturar ocultismo, mitologia folclore e composição clássica.