terça-feira, 1 de julho de 2014

Cinema do Mundo

Para desenjoar das repetitivas e monótonas produções de Hollywood, apresento 5 filmes que de alguma forma mexeram comigo recentemente:

1.The Hunt (Jagten; A Caça), de Thomas Vinterberg – Dinamarca (2012)

Filme fantástico, sobre uma história que será o pior pesadelo para qualquer professor. Através de manipulações e popularismos enraizados, mostra-se de forma implacável o lado negro da natureza social humana, quando falsos rumores são espalhados a grande velocidade numa pequena comunidade. Aqui, o educador Lucas (brutal interpretação de Mads “Hannibal” Mikkelsen) é confrontado com uma acusação de exibição das partes íntimas por parte de uma aluna, a pequena Klara, e com a consequente revolta de toda a comunidade onde vive. Drama intenso, angustiante, com cenas bastante fortes e, claro, desconcertante para qualquer professor.




2. The Broken Circle Breakdown (Ciclo Interrompido), de Felix Van Groeningen – Bélgica (2012)

História comovente e dramática de um casal que é confrontado com o medo da perda de uma filha de 6 anos. Ele, Didier, ligado à cultura americana, cantor folk numa banda (vieram-me de imediato à memória os Mumford & Sons!) e ela, Élise, dona de uma loja de tatuagens, formam um par romântico bastante exótico, com um casamento quase surreal (reparem na mesa de bilhar, nos cortinados e nos óculos do padre). Destaque para o impressionante e furioso discurso protagonizado por Didier contra um deus inexistente, numa altura em que o destino parecia já ter derrotado o amor intenso do casal.

 



3. La Grande Bellezza (A Grande Beleza), de Paolo Sorrentino – Itália (2013)

Ambientado na cidade de Roma, explorando as suas magníficas imagens, conta a história de um escritor de 65 anos, Jap Gambardella (Toni Servillo) que apenas escreveu um único livro na sua vida, chamado “O Aparelho Humano” e que foi um grande sucesso há 40 anos atrás. Desde então tem-se limitado a usufruir da fama e privilégios conquistados, frequentando festas deslumbrantes da alta sociedade, algumas das quais no terraço do seu apartamento, com vista para o Coliseu. A certa altura do filme Jap afirma: “aos 65 anos descobri que não posso perder tempo a fazer coisas que não gostaria de fazer”. O escritor pondera voltar a escrever, especialmente quando se recorda de um amor inocente da sua juventude. Para quem não estiver preparado, o filme poderá parecer complicado e até um pouco monótono.

 



4. Rebelle (aka War Witch), de Kim Nguyen – Canadá (2012)

Filme com violência e crueldade difíceis de suportar (fez-me recordar o "Hotel Ruanda", de Terry George). Num lugar não identificado da África Central, Komona (Rachel Mwanza) é uma adolescente de 14 anos, grávida, que conta ao seu filho, ainda no ventre, a história da sua vida, desde que foi raptada pelo exército rebelde, aos 12 anos, tendo como único apoio a presença do Mágico, um jovem de 15 anos que sonha casar-se com ela. O filme é narrado de forma crua e realista por Komona. É um filme tenso mas ao mesmo tempo amoroso, quando mostra a relação do casal apaixonado. Uma curiosidade: todo o elenco nunca tinha participado em qualquer filme.

 



5. La Vie D’Adèle (Blue Is The Warmest Colour; A Vida de Adèle – Capítulos 1 e 2), de Abdellatif Kechiche – França (2013)

Apesar de durar 179 minutos já o vi duas vezes e ainda o voltarei a rever com toda a certeza. A principal razão será, claro, a exuberante Adèle Exarchopoulos (Léa Seydoux também cativa mas de modo diferente) e a sua transição da fase adolescente para a fase adulta. Trata-se de uma história polémica de amor e de desamor, de ilusão e desilusão. Aqui, a sexualidade, apesar de intensa, é secundária. A intimidade é que é exposta de uma forma nunca vista, inquietante, à qual é impossível ficar indiferente.

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