2015 trouxe álbuns fantásticos, uma mão-cheia de revelações e novas vidas de artistas consagrados. Na lista compilada abaixo encontram-se aqueles que mais ouvi:
- Car Seat Headrest – Teens Of Style
- Foals – What Went Down
- Jamie XX - Colours
- Ryan Adams – 1989
- Torres (Mackenzie Scott) - Sprinter
- Father John Misty – I Love You, Honeybear
- Robert Forster – Songs To Play
- Joanna Newsom – Divers
- Sufjan Stevens – Carrie And Lowell
- Grimes – Art Angels
- Benjamin Clementine – At Least For Now
- Wolf Alice – My Love Is Cool
Como 2015 foi um ano rico em edições, destaco ainda outros lançamentos que também mereceram a minha atenção: Beach House (dois discos fantásticos separados por dois meses!), Blur, Tame Impala, Alabama Shakes, Low, Destroyer, Sun Kill Moon, Laura Marling, El Vy (Matt Berninger fora dos The National), Guy Garvey (vocalista dos Elbow), FFS, Belle & Sebastian, Lana Del Rey, The Maccabees, Kurt Vile, Julia Holter e Yo La Tengo.
1. Richard Ford – Canadá
2. Garth Risk Hallberg – Cidade Em Chamas
3. Jonathan Frazen - Purity
4. Philip Roth – A Humilhação
5. V. S. Naipaul – Uma Casa Para Mr. Biswas
6. J. G. Ballard – Arranha-Céus
7. Karl Ove Knausgard – A Minha Luta 2: Um Homem Apaixonado
8. Carlos Ruiz Zafón – A Trilogia Da Neblina
9. António Tavares – O Coro Dos Defuntos
10. Jø Nesbo – O Fantasma
11. James Salter – Tudo O Que Conta
12. Rafael Chirbes – Na Margem
Vinte e cinco anos depois, o filme Sozinho em Casa continua a ser o mais exibido pelas televisões nesta época festiva. A saga de uma criança de oito anos esquecida sozinha em casa pela família que partira de férias e que a protege estoicamente do assalto de dois bandidos trapalhões.
E o que é feito de Macaulay Culkin? Pois bem, actualmente conduz um táxi na série DRYVRS: de cabelo comprido, barba rala e unhas sujas, a criança de Sozinho em Casa é agora um homem casado, irritado (com a mulher que consumiu demasiada droga na noite anterior), amargurado (ainda não esqueceu o que a família lhe fez) e definitivamente perturbado (há um assaltante no episódio e a coisa não acaba bem). Vale a pena ver...
Durante a visualização deste filme aconteceu-me algo inédito e estranho. A história que me estava a ser apresentada fez-me recordar na íntegra um conto fabuloso de Anton Tchekhov, “A Minha Mulher”, que li há vários anos. No livro, Pavel Anndreievitch vive na sua casa de campo, com Natália Gavrilovna, sua mulher. Cada um vive numa parte da casa, vivendo separados há já uns anos. Natália não suporta Pavel, demonstrando-lhe um ódio que Pavel não consegue compreender. Pavel vive sozinho e angustiado sem que consiga descortinar uma única razão para o seu desconforto interior. Quando recebe uma carta anónima pedindo-lhe que faça algo pela população empobrecida de uma localidade vizinha, sente-se entusiasmado pela ideia e, formula planos para organizar uma comissão de solidariedade que angarie os fundos necessários à causa e os distribua de forma justa. Quando expõe a sua ideia à mulher, descobre que esta já estava há muito tempo empenhada no auxílio desta população, tendo inclusive a tal comissão já formada.
No filme “Sono de Inverno”, que dura mais de três horas (mas como acontece em todos os grandes filmes, mal se dá pelo tempo a passar), Pavel é Aydin, um antigo ator, dominado pelo seu ego e pelas fantasias que dissimulam o sonho frustrado de grandiosidade. Aydin gere uma estalagem nas montanhas da Anatólia que fica isolada com a chegada do Inverno, juntamente com a sua irmã recentemente divorciada e a sua jovem mulher, Nihal, muito mais nova, que oscila entre a vontade de se emancipar e a de permanecer numa situação de comodismo privilegiado. Além destas personagens, deparamo-nos com os inquilinos das propriedades desta família, alguns dos quais dominados por uma atitude de servilidade, outros por um violento ressentimento, que parece estar prestes a fazê-los entrar em confronto e rutura.
E tal como o livro citado, o filme também é intenso pois leva-nos a mergulhar em questões de fundo e universais das relações sociais e humanas, acentuando tensões e expondo dilemas e conflitos.
Numa altura em que a ano está quase a terminar, elaborei uma lista com mais alguns filmes que vi e que me proporcionaram puro entretenimento e um afastamento da realidade do quotidiano. E são eles:
- Mandariinid (Tangerinas)
- Turist (Força Maior)
- Clouds of Sils Maria (As Nuvens de Sils Maria)
- Mia Madre (Minha Mãe)
- Dark Places (Lugares Escuros)
- Que Horas Ela Volta?
- Gui Lai (Coming Home)
- Phoenix
- Bolgen (The Wave)
- Mad Max: Fury Road
No que respeita às séries de televisão continuei a seguir Homeland (a sexta temporada ainda vale a pena), Fargo e True Detective (as segundas temporadas são bem inferiores às primeiras) e claro, continuei a seguir Game of Thrones. De entre as estreias, segui Narcos (excelente), Mr Robot, Jessica Jones e Blindspot. Tudo em binge-watching…
Gillian Flynn já me tinha deixado uma excelente impressão quando li “Em Parte Incerta” (Gone Girl). Este “Lugares Escuros” possui um enredo com vários elementos parecidos, como o clima tenso, o drama familiar e uma situação de violência extrema. Chocante e perturbador, por vezes a fazer lembrar a escrita e o ambiente criado por Stephen King nas suas obras.
O livro está dividido em diversos capítulos que estão intercalados no tempo, o que inicialmente poderá originar alguma confusão. Na atualidade (ano de 2009), a bizarra Libby Day vive assombrada com os acontecimentos de há 24 anos atrás, quando a sua mãe e as duas irmãs foram brutalmente assassinadas na casa onde viviam. Libby, na altura com 7 anos, conseguiu sobreviver mas fica com traumas que vão ajudar a moldar a sua personalidade, que a própria assume conhecer bem: anti-social, mentirosa, cleptomaníaca e preguiçosa (vive do dinheiro doado por pessoas que sentiram pena dela). Trata-se de uma personagem principal bastante imperfeita e por vezes até detestável que “partia do princípio de que tudo de mau podia acontecer, porque tudo o que havia de mau no mundo já tinha acontecido”.
Na outra linha temporal é descrita a véspera e o dia dos assassinatos de acordo com as perspectivas da mãe da Libby (Patty) e do irmão (Ben), que foi declarado culpado dos crimes e que se encontra actualmente na prisão. Ben foi acusado e condenado devido ao testemunho da sua irmã mais nova, Libby. É um personagem misterioso, revoltado e sombrio, e no decorrer de todo o livro ficamos com dúvidas sobre se foi ele mesmo o autor do massacre da sua família.
O título da obra é explicado na página 22 e está relacionado com as recordações de Libby do dia dos assassinatos : “…classifiquei essas lembranças como se fossem um lugar particularmente perigoso: um lugar escuro”. No entanto, passados tantos anos Libby já não tem realmente a certeza do que viu e ouviu naquela noite e a falta de provas físicas contra o irmão levam-na a querer descobrir o que realmente se passou.
A autora desenvolve muito bem toda a trama e o recurso narrativo de alternar entre o presente e o passado, resulta por completo pois prende o leitor de uma forma soberba. Por vezes ao ler um policial consegue-se prever o desfecho da história, mas neste caso Gillian Flynn deixa o leitor completamente baralhado sem saber em quem ou em que acreditar durante quase toda a obra. Suspeitos não faltam: Lou Cates (o pai da miúda que acusou Ben de a ter molestado), Runner Day (o egocêntrico marido de Patsy e pai das crianças, que tinha abandonado a família), Trey e Diondra (os amigos satânicos de Ben). Apenas nas últimas páginas, que são surpreendentes, é que se percebe o sucedido e por isso não vou revelar mais detalhes da história. Deixo apenas as primeiras linhas deste romance:
"O clã dos Day podia ter vivido para sempre
Mas Ben Day não regulava bem da mente
De Satanás cobiçava o negro poder
Por isso matou a família com todo o prazer
A pequena Michelle de noite ele estrangulou
A seguir foi Debby que ele esquartejou
A mãe Patty para o fim ele guardou
Com um tiro de caçadeira a cabeça ele lhe rebentou
Da chacina a bébé Libby escapou
Mas para o resto da vida com sequelas ficou.
---- Cantilena entoada no recreio das escolas por volta de 1985."
Tal como o anterior “Gone Girl”, esta obra também originou um filme, realizado por Gilles Paquet-Brenner em 2015, protagonizado pela excelente Charlize Theron (Libby) e pela deslumbrante Chloë Grace Moretz. O ambiente denso e pesado do livro é transcrito de forma exemplar para o filme, que segue de forma rigorosa o seu conteúdo.
1. Jamie XX (ft Romy) – Loud Places
2. Car Seat Headrest – Something Soon
3. Swim Deep – Fueiho Boogie
4. Savages – The Answer
5. Kurt Vile – Pretty Pimpin
6. Balthazar – Nightclub
7. Mercury Rev – The Queen Of Swans
8. The Dead Weather – I Feel Love
9. Eagles Of Death Metal – Skin Tight Boogie
10. Lydia – Late Nights
11. Halsey – New Americana
12. Wolf Alice – My Love’s Whore
Dicionário de Lugares Imaginários, de Alberto Manguel e Gianni Guadalupi
O apelo da viagem está na compreensão. Visitamos lugares exóticos, descobrimos novas culturas e o mundo deixa de nos parecer tão assustadoramente grande. Quanto mais conhecemos, mais queremos conhecer. E facilmente nos apercebemos de que cada cenário tem as suas próprias histórias e as suas próprias lições. Também é este o papel da literatura. A demonstrá-lo estão as mais de mil páginas que constituem o Dicionário de Lugares Imaginários. Nelas, Alberto Manguel e Gianni Guadalupi descrevem 1200 lugares que conhecemos apenas dos livros, do País das Maravilhas à Ilha do Capitão Sparrow, passando por Xanadu e pelo Reino do El Dorado. É o presente perfeito para viajar por terras incógnitas.
Ten, Nevermind e Core foram dos discos que mais ouvi no início dos anos 90, de um tipo de rock que vingou nesse período e que deu origem ao rock alternativo. Aos 48 anos, o frontman dos Stone Temple Pilots faleceu após uma vida conturbada.
I wanna be as big as a mountain
I wanna fly as high as the sun
(from “Where The River Goes”)