sábado, 24 de junho de 2017

Globalização

Se o Mundo só tivesse 100 pessoas, era tudo mais fácil de compreender. Um número redondo ajuda sempre. Convidei todos para uma festa cá em casa e ficou assim a guest list!

Metade dos 100 convidados são homens e outra metade mulheres. Justo e perfeito! Se a gente não estragar nada, o futuro está assegurado. Tem muito amor para acontecer.

As companhias aéreas seriam muito beneficiadas. Mais de metade [60] vivem na Ásia. Da América do Sul viriam 9, acho que conheço quase todos, das terras do Tio Sam e do Canadá 4, de África 14 e por via terrestre apenas 11 europeus. O Oriente leva muita vantagem. Será que o Mundo vai ser todo chinês?

Mandei 75 convites por telemóvel, mas como só 30 tinham Internet, foi SMS para uns e Whatsapp para outros. Aos restantes 25 enviei carta. Tomara que chegue a tempo; e que a saibam ler.

Os nossos convidados fazem muita coisa diferente. Mas sobretudo vivem vidas muito desiguais. O Mundo não é bom para todos.

Como no género, também se dividem a meio no lugar onde escolheram, ou têm, de viver. 51 em cidades e 49 no campo; e também a meio no dinheiro que têm para gastar. 49 têm menos de dois dólares por dia. 1,77 euros, menos de 8 reais. Ainda assim, 21 são gordos, 15 comem menos do que é preciso e há um que está esfomeado. Vou organizar a ementa do jantar para responder a isso.

Tanta diferença é mais fácil de entender se soubermos como foi a infância de cada um. Embora 83 saibam ler e escrever, 17 não saberiam entender o endereço cá de casa.

Apenas 7 acabaram a universidade, mas nem todos saberiam falar entre eles. A maior diferença nos nossos convidados é a língua. Vejam só: 12 falam chinês, 5 espanhol e outros 5 inglês. Há quatro grupos de 3. Os falantes de português, árabe, hindi e bengali. Dois falam russo, outros dois japonês. Os outros sessenta e três falam cada um a sua língua! Babel! Je comprend rien.

Para fazer a ementa e as mesas tomei em conta a religião. Há 33 cristãos que comem de tudo, 22 muçulmanos que não bebem álcool, 14 hindus que não comem vaca, 7 budistas que são vegetarianos e 12 sem religião nenhuma que se sentam onde quiserem.

No final, quando agradeci por terem vindo, desejei um bom regresso a casa. Mas 23 ainda não foram embora porque não têm um teto para morar.

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