domingo, 15 de outubro de 2017

Jay-Jay Johanson (Theatro Circo, 14 de Outubro)

O sueco Jay-Jay Johanson anda a festejar os 20 anos decorridos desde a sua estreia com o inebriante álbum “Whiskey”. Assim, não é de estranhar que na setlist deste espectáculo tenham prevalecido os temas deste disco, iniciando o alinhamento precisamente com “It Hurts Me So”, “So Tell The Girls That I’m Back In Town”, “The Girl I Love Is Gone”, “I Fantasize Of You” e a delicada “I’m Older Now”, que começou com Jay-Jay a cantar à capella, enquanto o público ouvia com um silêncio respeitoso. Fazendo acompanhar-se pelo baterista e teclista habituais, tendo-se este último, Erik Jansson, ouvido nos coros em “Mana Mana Mana Mana”. As versões soaram exactamente iguais aos originais: não houve qualquer tentativa de actualização. Passados 20 anos, este anti-herói romântico ainda mantém a elegância e a delicadeza na sua música, misturando batidas soturnas, sonoridades jazzy e uma voz suave.


Durante uma hora e quarenta e cinco minutos e mais de duas dezenas de temas, em formato best of e sempre acompanhados por um filme-concerto (sem qualquer sequência lógica com o que estava a ser cantado!), Jay-Jay com o seu timbre tão característico, manteve toda a essência da sua música: uma facilidade inata para as melodias e uma voz e ritmos que elevam as suas canções do subtil ao sublime. As suas oscilações entre o trip-hop e a electrónica, entre o jazz e a pop possibilitaram incursões por quase todos os seus 11 álbuns. Do mais recente, “Bury The Hatchet” ouviram-se “Paranoid”, “Bury The Hatchet” e a belíssima “You’ll Miss Me When I’m Gone”. Para deixar brilhar os dois companheiros, o cantor escondeu-se muitas vezes na sombra enquanto bebericava um copo de whisky.


A inconfundível voz de crooner de Jay-Jay Johanson fez-se ouvir em “Believe in Us”, “Far Away”, “She’s Mine But I’m Not Hers”, “Tomorrow”, “Milan, Madrid, Chicago, Paris”, “Dilemma”, “She Doesn’t Live Here Anymore”, “On The Other Side”, música que nasceu em Portugal, escrita durante um soundcheck de um concerto no nosso país, e “I Love Him So”. Esta última faixa nasceu da circunstância de o filho de Jay-Jay ter sido operado quando tinha apenas um ano de idade. Enquanto o filho estava deitado na mesa de operações, na sala de espera Jay-Jay escrevinhava furiosamente no bloco de notas as bases para esta canção. Johanson afirma que todas as suas composições partem de acontecimentos da sua vida – a sua maior fonte de inspiração é o seu diário.


O artista nórdico revelou-se um pouco repetitivo na forma como interpretou os temas, por vezes sugerindo alguma timidez, mas manteve sempre uma postura simpática, terminando os temas com um sonoro “Thank You”. Beneficiou de uma sala completamente esgotada e de um público entusiasta, a quem não foi preciso dizer duas vezes que o rapaz estava de volta à cidade, e que se encontrou em perfeita sintonia com o artista mostrando isso mesmo durante as pausas entre as canções e no final “obrigando” Jay-Jay Johanson a um encore, que arrancou com ele sozinho em palco, passando depois a estar acompanhado só pelo teclista e por fim com a totalidade do trio de volta no empolgante e intenso “Rocks In Pockets”, do álbum de 2007 “The Long Term Physical Effects Are Not Yet Known”, que culminou com Jay-Jay e Erik Jansson nas teclas, num dueto frenético.

Quando tudo acabou, não faltaram high fives e abraços pois o sueco desceu do palco e veio cumprimentar e agradecer a todos aqueles que se encontravam na primeira fila e que o receberam de forma calorosa e simpática. Nós é que agradecemos, Mr. Johanson.

1 comentário:

Unknown disse...

Pois só não percebo por que é que não me convidaste :)
Beijinhos