sábado, 23 de abril de 2022

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Emily Jane White, Theatro Circo, 6 de Abril de 2022

Assisti ao belíssimo espetáculo que marcou o início da digressão portuguesa de cinco datas da cantora e compositora americana Emily Jane White no Theatro Circo. Este espetáculo teve como pretexto o lançamento dos álbuns “Alluvion” (este ano) e “Immanent Fire” (2019). 

“Alluvion” foi escrito e gravado durante os primeiros meses da pandemia com o produtor e multi-instrumentista Anton Patzner aos comandos. Um disco – o sétimo álbum de originais – que fala da dor pessoal e coletiva sobre a perda humana e do mundo natural, sugerindo um espaço de reflexão sobre a necessidade do luto. 

Mais banhado pela folk ou pelo rock, o repertório desta cantautora tem um misto de beleza etérea e nuvens cor de chumbo. Durante cerca de uma hora e quinze minutos foram apresentados temas daqueles dois álbuns mas também do seu álbum de estreia Dark Undercoat (“Dagger” e “Wild Tigers I Have Known” – esta última tocada sozinha ao piano depois de ter anunciado o fim do espetáculo e regressado à sala), do segundo disco Ode To Sentience ("The Cliff") bem como do quinto álbum They Moved In Shadow All Together (a encantadora “The Black Dove”).
O alinhamento das 15 canções foi o seguinte: 

1. Show Me The War 
2. Poisoned 
3. Body Agains The Gun 
4. Hold Them Alive 
5. Washed Away 
6. Dagger 
7. The Black Dove 
8. Heresy 
9. Surrender 
10. Crepuscule 
11. Dew 
12. The Hands Above Me 
13. Mute Swan 
14. Wild Tigers I Have Known 
15. The Cliff

sábado, 2 de abril de 2022

Louise Glück - Vita Nova


The master said You must write what you see,
But what I see does not move me.
The master answered Change what you see.



Esta edição bilingue da Relógio D’Água contém 32 poemas, sobre a primavera, a morte e recomeços, a resignação e a esperança. São poemas brutais, luminosos e clarividentes onde não se fazem grandes reivindicações. Louise Glück, Prémio Nobel da Literatura em 2020, parece não ter esperança no ser humano e nas vastas forças que o moldam e frustram.

Formalmente, a poesia de Glück raramente tem rima mas, para mim, a poesia, por quem a escreve bem, é bela e simples, não devendo ser encarada como algo intrincado, ininteligível ou hermético. Os meus poemas preferidos desta obra são Aubade, The New Life, Lament, Lute Song, Nest, Relic, Castile e este Immortal Love:

Like a door
the body opened and
the soul looked out.
Timidly at first, then
less timidly
until it was safe
Then in hunger it ventured.
Then in brazen hunger,
then at the invitation
of any desire.

Promiscuous one, how will you find
god now? How will you
ascertain the divine?
Even in the garden you were told
to live in the body, not
outsider it, and suffer in it
if that comes to be necessary.
How will god find you
if you are never in one place
long enough, never
in the home he gave you?

Or do you believe
you have no home, since god
never meant to contain you?