Disciplina de Economia: 76ª posição a nível nacional, melhor escola pública do distrito de Braga e excelente posição ao nível da escola! (fonte:
Jornal Público)
Que orgulho ter contribuído para a obtenção de um excelente resultado nos rankings dos exames nacionais na disciplina de Economia na ESFH. Bom trabalho e parabéns 11CSE1 e 11CSE2, por estes dois anos em que tive o prazer de trabalhar convosco.
Uma escola é uma organização que deve ter o sucesso dos seus alunos como principal missão. Esta ambição pressupõe o prosseguimento dos diversos princípios e valores: oferecer um ensino de qualidade que prepare os alunos para a vida, facilitando o prosseguimento de estudos e a inserção na sociedade, enquanto cidadãos ativos e responsáveis, e que não se baseie no facilitismo; promover a equidade, criando condições para a igualdade de oportunidades; sobrepor os procedimentos pedagógicos e científicos aos procedimentos instrumentais e administrativos; promover hábitos de vida saudáveis, responsáveis, autónomos e solidários; estimular o exercício dos direitos e deveres de cidadania, no respeito pela diversidade, com espírito democrático, pluralista, crítico e criativo. Os alunos devem estar sempre em primeiro lugar, os professores e os seus interesses nunca se devem sobrepor aos dos alunos. A educação é a base de desenvolvimento de uma nação. Parabéns, ESFH.
A “Suite Francesa” foi escrito em segredo, quando os nazis ocuparam a França em plena Segunda Guerra Mundial. Nunca foi acabado pois a autora de origem judia, Irène Némirovsky, foi enviada para Auschwitz em 1942, onde foi morta à chegada. O manuscrito permaneceu ignorado durante quase sessenta anos, até ser redescoberto pela filha e acabou por ser publicado em 2004.
Irène Némirovsky pretendia criar um épico sobre o Holocausto. A obra seria composta por cinco volumes na sua totalidade (concebido segundo uma estrutura inspirada na quinta sinfonia de Beethoven). Concluiria apenas os dois primeiros, deixando notas manuscritas, contendo as linhas mestras para a compilação de um terceiro, pouco antes de ser deportada para Auschwitz.
A primeira parte do romance, intitulada “Tempestade em Junho” retrata, com uma lucidez espantosa, o panorama da desagregação económica francesa, como resultado da Grande Depressão dos anos 30, à escala global - uma situação que foi aproveitada pela demagogia ideológica subjacente à propaganda do partido nazi, o qual encontrou nessa fragilidade a oportunidade perfeita para dar largas aos seus objectivos expansionistas.
O local da acção, nesta primeira parte, situa-se na cidade de Paris, logo após ser declarada a guerra. Irène Némirovsky, descreve-nos alguns quadros do quotidiano doméstico em diversos lares – desde o abastado banqueiro Corbin, ao já idoso casal de classe média (funcionários bancários), os Michaud, passando pela família Péricand, situada no limiar que separa a classe média-alta da alta-baixa e pelo pretensioso escritor de massas especializado em folhetins, Gabriel Corte.
A maior parte das personagens de Némirovsky são, nesta primeira parte, não exactamente más, mas de carácter medíocre. A autora critica severamente a atitude hipócrita (colaboradores e delatores) da maior parte da população francesa.
(Fotografia de Irène Némirovsky, aos 25 anos de idade, em 1928)
Na segunda parte, “Dolce”, a história desenrola-se essencialmente em duas casas: a casa dos Angellier e a casa dos Labarie. Lucille Angellier é uma mulher que espera notícias do seu marido (a cumprir serviço militar), enquanto habita com a senhora Angellier, a sua sogra, uma mulher fria, algo austera de sentimentos, pronta a impor as suas decisões e opiniões e que procura que Lucille aprenda a gerir os negócios da família, tais como recolher as verbas aos rendeiros que trabalham nas terras possuídas pelos Angellier. Tudo muda no quotidiano de Lucille quando os alemães invadem a França, em particular o território de Bussy. Os aviões começam por bombardear o comboio e o espaço campestre, com o pânico a ser geral. Chegam tanques, soldados enfileirados, quase todos frios e unidimensionais. A excepção é um alemão sensível, culto e educado – Bruno von Falk – que é utilizado como contraponto face a outras figuras do exército ocupante como, por exemplo, Kurt Bonnet, o tenente intérprete do Kommandantur fascinado por pintura flamenga.
Aquele facto não implica necessariamente que a autora simpatize com os alemães. Na realidade, na altura em que Némirovsky escreve estes capítulos, as pessoas ainda não têm consciência do perigo do nazismo, nem estão na posse da totalidade dos acontecimentos a nível global.
Esta edição de “Suite Francesa” (nome da partitura dedicada a Lucille e elaborada por Bruno, um compositor antes de ser militar) termina com as anotações da autora, para os volumes seguintes, seguida da troca de correspondência entre os membros da família e os amigos da escritora no sentido de mover influências para descobrir o seu paradeiro após ser deportada e proceder à sua libertação. Informação que só foi conseguida no pós-guerra, ao examinarem os registos do campo de concentração onde deu entrada.
O filme que adoptou esta obra ao cinema foca-se essencialmente na segunda parte do livro (“Dolce”) e na história de Lucille, com o marido ausente em combate e que se apaixona pelo “bom nazi” com quem é obrigada a partilhar a casa.
O elenco é admirável (especialmente Michelle Williams, Kristin Scott Thomas e Matthias Schoenaerts) mas, relativamente ao livro, o retrato não é tão realista, muitas personagens são esquecidas e a narração serve apenas para procurar o impacto emocional que as imagens não chegam a alcançar.
Sabendo tratar-se de uma forma viável de comercialização, o uso da língua inglesa em personagens francesas atribui o seu “quê” de artificialismo para os tempos que decorrem, enquanto o alemão é imaculado (involuntariamente dá a entender que é uma língua enraizada no Mal).
Trata-se claramente de uma situação em que o filme, que conta com a realização insípida de Saul Dibb, não consegue acompanhar a complexidade da obra original apesar dos valores de produção serem elevados.
O mês de junho está a acabar o que significa que metade de 2022 já passou. E este ano, vários artistas já lançaram álbuns incríveis: os Arcade Fire regressaram ao seu melhor, os Fontaines D.C. nunca soaram tanto a Joy Division, as Wet Leg presentearam-nos com um som fabuloso, os Radiohead apareceram “disfarçados” sob o nome The Smile, a majestosa Florence lançou o seu melhor disco até ao momento, o folk melancólico dos Beach House nunca cansa e os saudosos Belle and Sebastian, Placebo ou Tears For Fears voltaram aos discos. Além disso, os Black Country, New Road conseguiram superar o primeiro álbum, as musas Angel Olsen, Sharon van Etten e Emily Jane White também nos presentearam com novas gravações, tal como os Calexico, Tomberlin, Spiritualized, Jack White, Mitski, Big Thief, Jarvis Cocker e Father John Misty. Que Ano!
A leitura deste livro inicia-se de rompante, a uma velocidade narrativa avassaladora. É uma entrada de choque, cheia de humor e vertiginosa na forma como nos faz devorar páginas.
Esta narrativa assume especial importância na forma como retrata a sociedade inglesa atual num subúrbio de Londres. Lionel, que aos 18 anos mudou o seu apelido Pepperdine para Asbo (nome do documento inglês sobejamente seu conhecido, Anti Social Behaviour Order), é um pequeno delinquente que se orgulha de ter começado na senda do crime aos dois anos de idade. Ele tem um coração de pedra, é profundamente sádico e cultiva um gosto especial pela violência, muitas vezes gratuita; é totalmente imbecil no que toca às faculdades intelectuais, em contraste com o seu sobrinho Des, um negro que representa aqui o futuro que a Inglaterra ainda pode ter, em contraste com o desastre que Lionel representa.
A partir de certa altura, o enredo tem uma viragem radical: Lionel, o detestável arruaceiro ganha a lotaria e torna-se multimilionário. Agora, ele convive com a alta sociedade; mas aqui o autor surpreende-nos com a caracterização dessa elite que Lionel encontra no hotel onde se aloja; eles, os ricos cultivam a ignorância e idolatram a violência da mesma forma que a ralé a que Lionel pertencia antes; pobres ou ricos, os ingleses são ignorantes e brutos; parece ser esta a mensagem do autor. Sem dúvida uma crítica social mordaz e impiedosa.
A partir desta viragem no enredo, no entanto, o livro segue um rumo diferente, o ritmo narrativo abranda imenso e a prosa torna-se mais reflexiva e mais séria. A meu ver, isto faz com que a obra perca interesse e qualidade literária; perde-se a emoção e a vertigem narrativa da primeira parte; perde-se, em parte o humor satírico da primeira fase do livro, que se torna sério e às vezes mesmo maçador.
Fica, no entanto, a evidente qualidade da escrita do autor: clara, incisiva, rica em termos de vocabulário e, a sua principal qualidade, bem-humorada. A crítica é incisiva e mordaz; na narrativa “vemos” uma Inglaterra decadente e um povo inglês passivo perante os graves problemas sociais como a exclusão e a forte diferenciação social, a falta de cultura, o culto da violência e da pornografia – Martin Amis afirma que Lionel não consegue viver sem cadeia nem pornografia; a cadeia é vista como a sua segunda casa, de onde sai e volta a entrar com frequência; a pornografia é, para Lionel, a substituta das relações humanas, o que diz muito sobre a forma como Amis aborda este fenómeno social da autoexclusão e consequente refúgio em comportamentos marginais.
Em suma, um livro com muito interesse, bem escrito, que merece uma leitura atenta. E divertida.