domingo, 15 de janeiro de 2023

Sobre a Inteligência Artificial (AI)


Começou por ser uma brincadeira de nerds, evoluiu para uma ferramenta engenhosa usada por alunos cábulas, derivou para uma atrativa solução empresarial e industrial, afirmou-se como fonte fidedigna de órgãos de Comunicação Social, passou a integrar a máquina de propaganda e desinformação de algumas tribos e, hoje, é encarada como uma séria ameaça ao curso da História, potenciando teorias que anteveem que o fim da espécie humana pode, afinal, não ter causas naturais, mas baseadas na programação informática. A Inteligência Artificial (IA) veio para ficar. Não acabará com o Mundo (esperamos), mas ajudará certamente a mudá-lo. Tentar travá-la apenas porque temos medo terá, provavelmente, o mesmo efeito inconsequente produzido há umas décadas quando nos assustámos com o advento da Internet.

Não conhecemos ainda em profundidade todas as virtualidades desta revolução (e muito menos todos os perigos), mas a melhor forma de enquadrar esta parcela imparável do futuro é recorrendo às leis. E essas ainda são os homens a desenhar.

A União Europeia começou a redigir o “AI Act” há quase dois anos para regular a tecnologia que explodiu após o lançamento do ChatGPT, o aplicativo de consumo com o crescimento mais rápido da História (atingiu os 100 milhões de usuários ativos mensais em poucas semanas).

Neste momento, os legisladores estão a aperfeiçoar o quadro legal, para estabelecer barreiras em função dos níveis de risco: de mínimo a limitado, de alto a inaceitável, abrangendo áreas que vão da vigilância biométrica à disseminação de informação falsa ou ao uso de linguagem discriminatória. O Parlamento Europeu está a fazê-lo de forma sensata, procurando um justo equilíbrio entre os direitos dos cidadãos, o progresso tecnológico e o crescimento económico.

Não censurando o desconhecido, mas preparando as válvulas de escape que melhorem a aculturação de uma realidade que é tudo menos artificial.

Sem comentários: