domingo, 29 de março de 2015

Sons da Primavera


- Tom OdellAnother Love
- Royal BloodLittle Monster
- Sharon Van EttenEvery Time The Sun Comes Up
- James BayHold Back The River
- Zack HemseyVengeance
- Lucy RoseOur Eyes
- The SubwaysI’m In Love And It’s Burning In My Soul
- Mini Mansions (Ft. Alex Turmner)Vertigo
- Laura Marling I Feel Your Love
- Years & YearsTake Shelter
- PeaceLost On Me
- FKA TwigsVideo Girl

quinta-feira, 26 de março de 2015

David Lodge – A Vida em Surdina


Este romance proporciona uma leitura agradável devido à fluidez linguística e à forma muito real e palpável como os assuntos são abordados. Extremamente hilariante, dada a forma ora séria ora despreocupada como o personagem encara a sua realidade, este é um livro que se lê de um fôlego sem grandes necessidades de pararmos para pensar. À semelhança de outras obras já lidas do mesmo autor, também nos faz soltar grandes gargalhadas devido à forma tão british como os personagens usam e abusam de humor e ironia e abordam as questões da sua vida e as da própria sociedade.

Desmond Bates é um recém-reformado professor universitário de linguística de 61 anos, tem uma cultura acima da média, uma mente lúcida, um sentido de humor agudo e contagiante, mas com problemas sérios de surdez que aliados à sua constante monotonia dão origem a diversas peripécias trágico-cómicas, despertando empatia no leitor. Segundo este personagem, o quadro de Goya, The Dog (1819-1823), apresentado abaixo, simboliza a surdez, que “é cómica enquanto a cegueira é trágica”.


Aliás, é impressionante a quantidade de trocadilhos e confusões geradas na comunicação, o que deve ter dificultado o trabalho da tradutora, obrigada a recorrer por diversas vezes a notas de rodapé. A título de exemplo eis algumas frases “ouvidas” por Desmond:

Pois foi, estávamos perto cacafone. Hermafrodita, mas infelizmente o purismo eu cabidela.”;

A última vez que fodi a franga tive tanto calor que passámos a maior parte do tempo nas águas furtadas”.

A narrativa varia entre a primeira e a terceira pessoa do singular e procura-se essencialmente uma dignidade para a surdez. Trata-se de uma espécie de diário, onde Desmond regista os acontecimentos que marcam os seus dias e as reflexões que os mesmos lhe suscitam. É quase um recurso terapêutico, uma forma de racionalizar e dissecar as mudanças que a sua vida tranquila sofre em consequência das crescentes dificuldades auditivas que o afligem e da reforma a que essas mesmas limitações quase o obrigaram.

No seu dia-a-dia, Desmond tem de lidar com a sua bem sucedida segunda esposa (a quem trata por “você”), com o seu obstinado pai (também surdo) e com uma estudante que o deseja como orientador numa tese de doutoramento com um tema algo invulgar (análise linguística do conteúdo de bilhetes de suicídio). É esta jovem, Alex Loom, que despoleta alguma instabilidade e inquietação na sua vida quando o convida para visitar o seu apartamento e porque para Desmond “a maneira como se trata os livros é uma mostra do seu comportamento cívico”. Quando Alex convida Desmond para a castigar, na sua casa, Desmond imagina-a na obra de Edvard Munch de 1894, Puberty, que passa a significar: “Alex à espera de Desmond para a castigar”.


Outros factos que contrastam com o humor presente em quase toda a obra são o agravar do estado de saúde do pai (o sistema de saúde britânico também é severamente criticado), o relato angustiante da visita a Auschwitz e a descrição das circunstâncias que provocaram a morte da ex-mulher. Além disso, também se encontram referências a música clássica, alguns filmes, locais de Inglaterra, desportos (golfe e ténis), diversa literatura e, claro, a descrição da vida académica, com os seus professores e, tal como no nosso país, com alunos cada vez mais problemáticos.

Como na parte final do livro Lodge assume o carácter autobiográfico da obra, ao terminar a leitura ficámos com a sensação de que todas as situações descritas terão realmente ocorrido. Além disso, obriga-nos, àqueles que não têm problemas de audição, a fazer as nossas próprias reflexões tendo em conta as questões suscitadas e a forma como foram tratadas.

sábado, 21 de março de 2015

Laura Hillenbrand - Invencível


Laura Hillenbrand andou a pesquisar informação de forma meticulosa durante 7 anos para depois relatar uma incrível história verídica de forma pujante mas por vezes perturbadora. A sua leitura é agradável, óptima para quem gosta de História e biografias. Louis Zamperini é-nos apresentado desde a sua infância e idade adulta até aos seus últimos anos de vida.

Na adolescência era um rebelde, desordeiro compulsivo, fugiu de casa, praticava pequenos furtos, e as suas aventuras terminavam sempre “a correr como um louco”. Desta forma, descobriu que tinha um talento, a corrida, o que o levou aos Jogos Olímpicos de Berlin em 1936, sempre incentivado pelo irmão Pete. Ficou em 8º lugar nos 5000 metros e apertou a mão a Hitler.

Com o advento da Segunda Guerra Mundial foi obrigado a desistir do seu sonho e começou a formação para artilheiro em bombardeiros. Após várias missões no Pacífico, os motores do seu avião deixaram de funcionar e caiu no oceano. De uma tripulação de onze elementos, sobreviveram apenas três num pequeno bote. Ao fim de 42 dias, apenas dois aguentam o sofrimento: Louis e Phil. Finalmente, após 47 dias, muitas queimaduras, frio, fome e sede, lutas com tubarões, tiros de aviões inimigos, avistam uma ilha mas são recebidos por um navio militar japonês!

Iniciou-se então um período terrível, que durou cerca de dois anos, nos campos de concentração japoneses, com fome, trabalhos forçados, espancamentos diários e torturas cruéis inimagináveis, comandadas pelo atroz Watanabe, conhecido pela alcunha “O Pássaro”. A disenteria e beribéri eram doenças constantes. A certa altura a autora recorda que na Europa morria um por cada cem prisioneiros de guerra, no Japão morria um por cada três prisioneiros de guerra.

Como é do conhecimento geral, com o lançamento das bombas nucleares, o Japão foi derrotado e os prisioneiros, apesar da política japonesa de matar todos os prisioneiros de guerra caso houvesse um simples boato de invasão norte-americana, foram libertados e regressaram para casa em Outubro de 1945.

Como seria de esperar o período do pós-guerra foi extremamente complicado devido às recordações e aos traumas sofridos. Zamperini foi considerado herói nacional, casou-se, começou a dar palestras mas sempre embebido em álcool e tabaco e envolveu-se em vários negócios sem obter qualquer sucesso. A sua situação só melhorou quando em 1949 encontrou na religião uma forma de perdoar e recomeçar a sua vida.

Tal como na obra anterior da autora, "Seabiscuit", também foi realizado um filme baseado em “Invencível”. Foi em 2014 que Angelina Jolie adaptou esta história de um homem levado ao limite do humanamente suportável. Apesar de não ter ficado desapontado esperava um pouco mais do filme. Em termos sonoros, visuais e de fotografia, está excelente, mas o desenvolvimento da história torna o filme longo e pouco dinâmico. Em termos globais, Angelina Jolie segue à risca o conteúdo do livro e consegue imprimir à história uma parte significativa do que está patente no livro.

domingo, 15 de março de 2015

Belle & Sebastian – Girls In Peacetime Want To Dance


Acaba de ser lançado o nono álbum de originais de uma das bandas que sempre apreciei: Belle & Sebastian. Sem surpreenderem, apesar de apostarem mais em ritmos dançáveis e recuperarem referências retro dos anos 80, continuam a rechear os seus trabalhos com canções bonitas, impecavelmente interpretadas. É com frequência que recorro à sua discografia e à recordação do único concerto destes escoceses que tive o prazer de assistir em Junho de 2006 (fotos abaixo).



domingo, 8 de março de 2015

As Cinquenta Sombras de Grey (versão alentejana)

Quatro alentejanos costumam ir pescar há muitos anos, sempre na mesma época, montando um acampamento para o efeito. Este ano, a mulher do João bateu o pé e disse que ele não ia. Profundamente desapontado, telefonou aos companheiros e disse-lhes que, desta vez, não podia ir porque a mulher não deixava.

Dois dias depois, os outros chegaram ao local do acampamento e, muito surpreendidos, encontraram lá o João à espera deles e com a sua tenda já armada.

- Atão, João, comé que conseguisti convencer a tua patroa a deixar-te viri?

- Bêm, a minha mulheri tên estado a ler "As Cinquenta Sombras de Grey" e, ontem à nôte, depois de acabar a última página do livro, arrastô-me para o quarto. Na cama, havia algemas e cordas! Mandô-me algemá-la e amarrá-la à cama e depois disse: Agora, faz tudo o que quiseres...
E Ê ... VIM PESCARI !!!

quarta-feira, 4 de março de 2015