quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
As Minhas Melhores Leituras de 2017
1. Ana Margarida de Carvalho – Não Se Pode Morar Nos Olhos De Um Gato
2. George Saunders – Lincoln No Bardo
3. Alberto Manguel – A Biblioteca À Noite
4. Charles Dickens – História Em Duas Cidades
5. Ildefonso Falcones – Os Herdeiros Da Terra
6. Jean-Paul Didierlaurent – O Leitor Do Comboio
7. Elena Ferrante – Crónicas Do Mal De Amor
8. Paul Theroux – Mão Morta
9. W.G. Sebald – Austerlitz
10. Charles Dickens – Os Cadernos De Pickwick
11. Kazuo Ishiguro – O Gigante Enterrado
12. Marc Rousins – Biografia Do Filme
quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
Os Melhores Discos do Ano 2017
- Wolf Alice – Visions Of A Life
- Aldous Harding – Party
- The National – Sleep Well Beast
- The XX – I See You
- LCD Soundsystem – American Dream
- Cigarettes After Sex – Cigarettes After Sex
- Circuit Des Yeux – Reaching For Indigo
- The Horrors – V
- Courtney Barnett & Kurt Vile – Lotta Sea Lice
- ∆ (alt-j) – Relaxer
- Nadia Reid – Preservation
- Thurston Moore – Rock N Consciousness
- Broken Social Scene – Hug Of Thunder
- Arcade Fire – Everything Now
- Father John Misty – Pure Comedy
- Fever Ray – Plunge
- The War On Drugs – A Deeper Understanding
- Julie Byrne – Not Even Happiness
- Mark Lanegan Band – Gargoyle
- Alvvays – Antisocialites
domingo, 5 de novembro de 2017
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
Sons de Outono
1. Portugal. The Man – Feel It Still
2. The XX – Lips
3. Laura Marling – Nothing Not Nearly
4. MGMT – Little Dark Age
5. Father John Misty – So I'm Growing Old On Magic Mountain
6. Marika Hackman – Boyfriend
7. Cigarettes After Sex – Opera House
8. Superorganism – Something For Your M.I.N.D.
9. Mark Lanegan – Emperor
10. Courtney Barnett & Kurt Vile – Fear Is Like A Forest
11. Young Fathers – Only God Knows
12. Noel Gallagher's High Flying Birds – It’s A Beautiful World
13. Goldfrapp – Anymore
14. The War On Drugs – Thinking Of A Place
15. LCD Soundsystem – Call The Police
16. ∆ (alt-j) – 3WW
17. Sampha – (No One Knows Me) Like The Piano
18. Palo Waves – There’s A Honey
19. Zola Jesus – Sea Talk
20. Jungle – Busy Earnin'
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Circuit Des Yeux – Reaching For Indigo
domingo, 15 de outubro de 2017
Jay-Jay Johanson (Theatro Circo, 14 de Outubro)
Durante uma hora e quarenta e cinco minutos e mais de duas dezenas de temas, em formato best of e sempre acompanhados por um filme-concerto (sem qualquer sequência lógica com o que estava a ser cantado!), Jay-Jay com o seu timbre tão característico, manteve toda a essência da sua música: uma facilidade inata para as melodias e uma voz e ritmos que elevam as suas canções do subtil ao sublime. As suas oscilações entre o trip-hop e a electrónica, entre o jazz e a pop possibilitaram incursões por quase todos os seus 11 álbuns. Do mais recente, “Bury The Hatchet” ouviram-se “Paranoid”, “Bury The Hatchet” e a belíssima “You’ll Miss Me When I’m Gone”. Para deixar brilhar os dois companheiros, o cantor escondeu-se muitas vezes na sombra enquanto bebericava um copo de whisky.
A inconfundível voz de crooner de Jay-Jay Johanson fez-se ouvir em “Believe in Us”, “Far Away”, “She’s Mine But I’m Not Hers”, “Tomorrow”, “Milan, Madrid, Chicago, Paris”, “Dilemma”, “She Doesn’t Live Here Anymore”, “On The Other Side”, música que nasceu em Portugal, escrita durante um soundcheck de um concerto no nosso país, e “I Love Him So”. Esta última faixa nasceu da circunstância de o filho de Jay-Jay ter sido operado quando tinha apenas um ano de idade. Enquanto o filho estava deitado na mesa de operações, na sala de espera Jay-Jay escrevinhava furiosamente no bloco de notas as bases para esta canção. Johanson afirma que todas as suas composições partem de acontecimentos da sua vida – a sua maior fonte de inspiração é o seu diário.
O artista nórdico revelou-se um pouco repetitivo na forma como interpretou os temas, por vezes sugerindo alguma timidez, mas manteve sempre uma postura simpática, terminando os temas com um sonoro “Thank You”. Beneficiou de uma sala completamente esgotada e de um público entusiasta, a quem não foi preciso dizer duas vezes que o rapaz estava de volta à cidade, e que se encontrou em perfeita sintonia com o artista mostrando isso mesmo durante as pausas entre as canções e no final “obrigando” Jay-Jay Johanson a um encore, que arrancou com ele sozinho em palco, passando depois a estar acompanhado só pelo teclista e por fim com a totalidade do trio de volta no empolgante e intenso “Rocks In Pockets”, do álbum de 2007 “The Long Term Physical Effects Are Not Yet Known”, que culminou com Jay-Jay e Erik Jansson nas teclas, num dueto frenético.
Quando tudo acabou, não faltaram high fives e abraços pois o sueco desceu do palco e veio cumprimentar e agradecer a todos aqueles que se encontravam na primeira fila e que o receberam de forma calorosa e simpática. Nós é que agradecemos, Mr. Johanson.
sábado, 7 de outubro de 2017
Leituras de Outono
- Jean-Paul Didierlaurent - O Leitor Do Comboio
- Kazuo Ishiguro - Quando Éramos Órfãos
- Ana Margarida de Carvalho - Não Se Pode Morar Nos Olhos De Um Gato
- Ildefonso Falcones - Os herdeiros Da Terra
- Stephen King - Sr. Mercedes
domingo, 1 de outubro de 2017
sábado, 16 de setembro de 2017
Philip Roth - Pastoral Americana
Este livro aborda sentimentos contraditórios sobre a América: o orgulho de ser americano e o ódio pelo que a América representa (decadência). A América como terra das oportunidades e como símbolo supremo do mal, uma existência em dois pólos antagónicos que Roth reproduz na perfeição.
O homem comum. Os seus sonhos normais. O desejo de ser feliz, de viver uma vida pacata e envelhecer junto daqueles que mais ama. Philip Roth não escreve sobre homens excepcionais, prefere expor as excepcionais vidas dos homens banais, as suas frustrações, medos e ridículos. Mas em “Pastoral Americana” Roth vai mais longe: constrói o paradigma do sonho americano – um belo atleta, Seymour Levov, louro (“Sueco”) abastado, objecto de uma adulação total, acrítica e idólatra, casado com uma ex-miss New Jersey, Dawn – apenas para o destruir. Uma destruição repentina e gratuita, como costumam ser os acontecimentos que mudam vidas.
O narrador Nathan Zuckerman que emerge na (curtíssima) primeira parte do livro esconde-se na segunda, deixa que a figura de Levov ocupe o palco, e com ele toda uma geração que entrou em colapso a partir dos anos 60. Porque também se fala disso. Da revolução sexual que se transformou em revolução de costumes, e dos valores que foram substituídos na passagem de geração. E do Viename, sempre o Vietname…
Os problemas da família perfeita de Seymour Levov, a quem “um dia a vida começou a rir-se dele e nunca mais parou”, começam com a gaguez da filha, Merry, que surge inexplicavelmente como uma premonição. Levov teme que aquele problema seja um reflexo de algo de errado que se passa com a sua filha, mas pouco consegue fazer para ajudá-la. Os seus sentimentos de culpa aumentam quando, num momento algo irracional, decide ceder aos pedidos da filha para a beijar na boca. Aquele instante é vivido por Levov como um incesto, um quebrar de regras que potencialmente terá aberto as portas à loucura futura.
Merry, que se considera “a mais feia filha jamais nascida de pais atraentes”, frustrada com a gaguez, por se sentir aquém das expectativas dos pais, à medida que vai crescendo começa a desenvolver uma obsessão por questões políticas, mais especificamente pela Guerra do Vietname. Esse sentimento transforma-se rapidamente num repúdio do estilo de vida americano, contra todo o modelo de vida capitalista, contra a pastoral burguesa. Em causa estava, por exemplo, a procura de mão-de-obra barata. A crise económica, da qual a ruína da indústria das luvas é um símbolo, vai dando lugar à crise social. Multiplicam-se os movimentos de contestação e os atentados. O livro de Roth torna-se premonitório em relação à América actual. Levov assiste passivo à perda da sua filha, sem a conseguir controlar, temendo que o pior possa acontecer. E acontece.
Uma bomba explode perto da casa dos Levov matando uma pessoa. De uma idealista radical, Merry, para quem “a vida é apenas um curto período de tempo em que estamos vivos”, passa a criminosa procurada. A vida dos Levov é estilhaçada pela bomba, com o Sueco a passar dias e dias a tentar perceber o que correu mal. “Porquê? O que fiz eu para a minha filha se tornar numa assassina?” pergunta Levov, enquanto a sua mulher se afunda numa depressão e a filha se mantém em fuga. A incompreensão do sueco Levov perante os actos de Merry é um espelho da atitude da América em relação a si própria.
American Pastoral (“Uma História Americana”), de 2016, é o primeiro filme realizado por Ewan McGregor, que partilha o protagonismo com Jennifer Connelly e Dakota Fanning. Compõem a família Levov, que se desmorona quando a filha se une a grupos radicais nos Estados Unidos que protestam de forma violenta contra a Guerra do Vietname. Aqui, a transformação da sociedade americana nos anos 1960 carece de alguma força dramática presente no livro de mais de 400 páginas. No entanto, trata-se de um filme com alguma actualidade política, pois deparamo-nos com uma América de identidade dolorosamente estraçalhada, com as suas gerações separadas de modo radical. São temas e sinais com 50 anos, mas interiores ao nosso presente.
sexta-feira, 1 de setembro de 2017
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
Cinema do Mundo
En Man Som Heter Ove (Um Homem Chamado Ove), de Hannes Holm – Suécia (2015)
sábado, 26 de agosto de 2017
Vilar de Mouros, 24 de Agosto de 2017
Jesus & Mary Chain, The Mission, Primal Scream e Young Gods permitiram recuperar algumas das minhas melhores memórias musicais das décadas de 1980 e 1990. Bandas que marcaram uma era e uma geração, prolongando o estatuto de referência ao longo de mais de 30 anos. Apesar dos rostos mais enrugados e dos cabelos mais grisalhos dos intérpretes, há músicas que, mesmo tocadas mil e uma vezes, durante longos, longos anos, continuam a soar a novo.
Esta viagem no tempo começou com os The Veils, a quem foi conferida a missão de começar a aquecer o ambiente. O sol ainda não se tinha posto por completo e durante cerca de 50 minutos ouviram-se os melhores temas desta simpática banda londrina incluindo o maior sucesso da banda, “The Leavers Dance”, do seu álbum de estreia lançado em 2004, “The Runaway Found”.
De seguida, os suiços The Young Gods, liderados pelo extravagante Franz Treichler, entraram no seu túnel de rugosidade e aceleração e criaram uma onda sonora explosiva, com temas como “Skinflowers” e “Kissing The Sun”, afirmando todas as qualidades do seu projecto de rock industrial e avant-garde.
A paz regressou de seguida com as baladas dos ingleses The Mission, membros destacados do rock gótico, com um público já trajado a rigor. O vocalista Wayne Hussey, por viver em S. Paulo há vários anos, mostrou dominar a língua portuguesa e ter abandonado os tempos de negrume e introspecção (até ofereceu rosas ao público!). Proporcionaram um excelente concerto num formato “best of” onde não faltaram os temas “Severina”, “Wasteland”, “Deliverance”, “Butterfly On A Wheel”, “Tower Of Strength” e “Like a Child Again”.
Igualmente menos sorumbáticos e muitíssimo mais festivaleiros, com um espírito quase juvenil, os The Jesus & Mary Chain proporcionaram um episódio de nostalgia pura durante cerca de 90 minutos, incluindo “April Skies”, “Head On”, “Some Candy Talking” e “Happy When It Rains”.
E como foi tão bom (re)ver Bobby Gillespie a acompanhar, à bateria, os irmãos Reid na interpretação das três derradeiras músicas (“Just Like Honey”, “The Living” e “Never Understand”) de um concerto que fechou ao som das melhores e imortais canções do ainda tão jovial álbum “Psycho Candy” dado a conhecer em 1985.
Bobby Gillespie, liderou os Primal Scream num concerto propositadamente desenhado para deixar a multidão em êxtase, numa visita guiada aos seus melhores álbuns (só de "Screamadelica" de 1991 ouviram-se, por exemplo, “Come Together”, “Loaded” e “Moving On Up”). Que noite memorável (e com direito de antena na SIC!).
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
Passadiços do Paiva (Arouca)
Finalmente tive oportunidade de caminhar pelos Passadiços do
Paiva, no concelho de Arouca, distrito de Aveiro. Localizam-se na margem
esquerda do Rio Paiva, são 8 km que proporcionam um passeio
"intocado", rodeado de paisagens de beleza ímpar, num autêntico
santuário natural, junto a descidas de águas bravas, cristais de quartzo e
espécies em extinção na Europa. O percurso estende-se entre as praias fluviais
do Areinho e de Espiunca, encontrando-se, entre as duas, a praia do Vau. Uma
viagem pela biologia, geologia e arqueologia que ficará, com certeza, no
coração, na alma e na mente de qualquer apaixonado pela natureza. Excelente!
segunda-feira, 17 de julho de 2017
domingo, 16 de julho de 2017
O Reinado Prossegue…
O melhor tenista de todos os tempos continua a fazer história. Apesar dos seus quase 36 anos anos, Roger Federer parece ser um atleta sobrenatural. Depois de na época passada ter sido eliminado nas meias-finais por Milos Raonic e praticamente ter terminado aí a sua época, poucos acreditariam que, em 2017, Federer voltaria a dominar o circuito e que poderá terminar o ano como número um mundial.
Este domingo dominou completamente a final de Wimbledon e conseguiu obter o título sem ter cedido qualquer set ao longo da quinzena. Impressionante!
A lista de recordes de Federer é enorme, já aqui falei dela, mas recordo os principais feitos deste atleta cujos gostos musicais passam por AC/DC, Metallica e Lenny Kravitz:
- 19 títulos do Grand Slam
- 29 finais do Grand Slam
- 42 meias-finais do Grand Slam
- 23 meias-finais seguidas no Grand Slam
- 50 quartos de final no Grand Slam
- 36 quartos de final seguidos no Grand Slam
- 321 encontros ganhos no Grand Slam
- 93 títulos na carreira
- 24 títulos seguidos em finais ATP
- 302 semanas como número um do ranking ATP
- 237 semanas seguidas como número um
- 65 encontros seguidos a ganhar em relva
- 0 sets perdidos em Wimbledon ‘2017 e Australia ’2017
Roger dixit:
"O segredo está em acreditar sempre em mim."
"Estar a cem por cento fisicamente é imprescindível."
segunda-feira, 10 de julho de 2017
O Leão, o Velho e a Loira
O dono do circo fala com os 2 candidatos e diz:
- Eu vou directo ao assunto. O meu leão é extremamente feroz e matou os meus dois últimos domadores. Ou vocês são realmente bons, ou não vão durar 1 minuto! Aqui está o equipamento - banquinho, chicote e pistola. Quem quer entrar primeiro?
Diz a loura:
- Vou eu!
Ela ignora o banquinho, o chicote e a pistola e entra rapidamente na jaula.
O leão ruge e começa a correr na direcção dela. Quando falta um metro para ser alcançada, a loura abre o vestido e fica toda nua, mostrando todo o esplendor do seu corpo.
O leão pára como se tivesse sido fulminado por um raio!
Ele deita-se na frente da loura e começa a lamber-lhe os pés!
Pouco a pouco, vai subindo e lambe o corpo inteiro da loura durante minutos!
O dono do circo, com o queixo caído até ao chão diz:
- Eu nunca vi nada assim na minha vida!
Vira-se para o senhor aposentado e pergunta:
- Você consegue fazer a mesma coisa?
E o velhinho responde:
- Claro! É só tirar de lá o leão...
segunda-feira, 3 de julho de 2017
Sons de Verão
1. Emily Haines & The Soft Skeleton – Fatal Gift
2. Asgeir – Afterglow
3. Chromatics – Shadow
4. Tricky – The Only Way
5. Ariel Pink – Another Weekend
6. Lykke Li – Unchained Melody
7. Photomartyr – A Private Understanding
8. Broken Social Scene – Hug Of Thunder
9. The Horrors – Machine
10. Courage My Love – Animal Heart
11. King Gizzard & The Lizard Wizard – The Lord Of Lightning vs Balrog
12. Moses Sumney – Doomed
13. Angus & Julia Stone – Snow
14. Manchester Orchestra – The Alien
15. St. Vicent – New York
16. Kele Okereke – Streets Been Talkin'
17. Beach House – Chariot
18. Jen Cloher – Regional Echo
19. Radiohead – I Promise
20. Arcade Fire – Creature Confort
domingo, 2 de julho de 2017
Leituras de Verão
- W.G. Sebald - Austerlitz
- Ramon Gener - Se Beethoven Pudesse Ouvir-me
- Ana Margarida de Carvalho - Que Importa A Fúria Do Mar
- Adrian Goldsworthy - António E Cleópatra
- Michael Farquhar - As Vidas Secretas Dos Czares
- Peter Mendelsund - O Que Vemos Quando Lemos
sábado, 24 de junho de 2017
3 Álbuns Deslumbrantes!
Editados em 2017, são segundos álbuns de vozes femininas que fazem lembrar, por exemplo, Angel Olsen, Lisa Germano, Gillian Welch, Laura Marling ou Joanna Newsom, em que a intensidade dos temas desafia as influências óbvias.
São discos não aconselhados a quem ouve música a retalho na net e com o som comprimido, sem conhecimento do que foi sentido e pensado pelo artista.
Aldous Harding – Party
Esta neozelandesa, nascida Hannah Topp, em “Party” (editado pela 4AD e produzido por John Parish, colaborador de PJ Harvey) tem o dom de fazer a realidade parecer uma coisa muito frágil (“Blend”), por vezes penetrando numa escuridão convidativa e cativante (“The World Is Looking For You” e “Party”), invocando uma dor profunda (“Horizon”, recentemente apresentada de forma magistral no Later with… Jools Holland, da BBC 2) e um vício (“I’m So Sorry”), alternando o humor e as vozes sem esforço (“What If Birds Aren't Singing They're Screaming” e “Living The Classics”) e construindo assim uma obra surpreendente.
Julie Byrne – Not Even Happiness
Abençoada com uma voz límpida e profunda, esta norte-americana brilha sem espalhafato ao longo de 9 canções da mais bela e hipnotizante folk, criando momentos sublimes. Os arranjos orquestrais são cuidados, as letras falam de felicidade, mas também de desejo, luta, força, sabedoria, integridade, viagens (“Melting Grid”) e de solidão: “I was made for the green, made to be alone,” canta em “Follow My Voice”. A voz de Julie é de uma delicada entoação. Aconchega-se ao ouvido, cola-se à pele, transmite tranquilidade mesmo quando canta infortúnios. A imagem que fica é de uma mulher intransigente nas suas tentativas de criar uma vida significativa - “I crossed the country and I carried no key” (em “Sleepwalker”).
Nadia Reid – Preservation
Cá está outro disco que mais parece uma daquelas receitas que de tão simples se tornam irresistíveis. Arranjos simples e muito silêncio para deixar a voz respirar. Quase não há ingredientes adicionados para desviar a atenção da voz, das melodias e das palavras. A neozelandesa Nadia Reid apostou em canções de arrepiante personalidade (em “Reach My Destination” canta There were two little words that I used, one was ‘fuck’, the other was ‘you’) onde o protagonismo é dado claramente à sua voz e à sua guitarra. É música simples, como as melhores coisas na vida são. Discos destes fazem crer que este mundo merece ser vivido.
Globalização
Se o Mundo só tivesse 100 pessoas, era tudo mais fácil de compreender. Um número redondo ajuda sempre. Convidei todos para uma festa cá em casa e ficou assim a guest list!
Metade dos 100 convidados são homens e outra metade
mulheres. Justo e perfeito! Se a gente não estragar nada, o futuro está
assegurado. Tem muito amor para acontecer.
As companhias aéreas seriam muito beneficiadas. Mais de
metade [60] vivem na Ásia. Da América do Sul viriam 9, acho que conheço quase
todos, das terras do Tio Sam e do Canadá 4, de África 14 e por via terrestre
apenas 11 europeus. O Oriente leva muita vantagem. Será que o Mundo vai ser
todo chinês?
Mandei 75 convites por telemóvel, mas como só 30 tinham
Internet, foi SMS para uns e Whatsapp para outros. Aos restantes 25 enviei
carta. Tomara que chegue a tempo; e que a saibam ler.
Os nossos convidados fazem muita coisa diferente. Mas
sobretudo vivem vidas muito desiguais. O Mundo não é bom para todos.
Como no género, também se dividem a meio no lugar onde
escolheram, ou têm, de viver. 51 em cidades e 49 no campo; e também a meio no
dinheiro que têm para gastar. 49 têm menos de dois dólares por dia. 1,77 euros,
menos de 8 reais. Ainda assim, 21 são gordos, 15 comem menos do que é preciso e
há um que está esfomeado. Vou organizar a ementa do jantar para responder a
isso.
Tanta diferença é mais fácil de entender se soubermos como
foi a infância de cada um. Embora 83 saibam ler e escrever, 17 não saberiam
entender o endereço cá de casa.
Apenas 7 acabaram a universidade, mas nem todos saberiam
falar entre eles. A maior diferença nos nossos convidados é a língua. Vejam só:
12 falam chinês, 5 espanhol e outros 5 inglês. Há quatro grupos de 3. Os
falantes de português, árabe, hindi e bengali. Dois falam russo, outros dois
japonês. Os outros sessenta e três falam cada um a sua língua! Babel! Je
comprend rien.
Para fazer a ementa e as mesas tomei em conta a religião. Há
33 cristãos que comem de tudo, 22 muçulmanos que não bebem álcool, 14 hindus
que não comem vaca, 7 budistas que são vegetarianos e 12 sem religião nenhuma
que se sentam onde quiserem.
No final, quando agradeci por terem vindo, desejei um bom regresso
a casa. Mas 23 ainda não foram embora porque não têm um teto para morar.
sexta-feira, 23 de junho de 2017
11º F
“Os sentimentos que mais doem, as emoções que mais pungem, são os que são absurdos – a ânsia de coisas impossíveis, precisamente porque são impossíveis, a saudade do que nunca houve, o desejo do que poderia ter sido, a mágoa de não ser outro, a insatisfação da existência do mundo.”
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
Muita sorte e felicidade. Desejo que a alegria na vossa vida seja infinita e constante.
Acreditem na vossa força interior, vocês são capazes…
CCB
sábado, 10 de junho de 2017
Pensamento do Dia
“Adoro as coisas simples. Elas são o último refúgio de um espírito complexo.”
Oscar Wilde
quarta-feira, 7 de junho de 2017
quinta-feira, 1 de junho de 2017
Rufus Wainwright, Theatro Circo, 31 de Maio de 2017
Inserido no ciclo “Respira! – O piano como pulmão” promovido pelo Theatro Circo, Rufus Wainwright apresentou um concerto único nesta sala bracarense completamente esgotada. Sem formato banda, apenas alternando a utilização de um piano com uma guitarra acústica. Esperava um alinhamento baseado nos primeiros discos de estúdio, esquecendo as últimas incursões pela ópera, pelos sonetos de Shakespeare e por Judy Garland e foi isso mesmo que aconteceu.
“Agnus Dei” (de Want Two) teve as honras de abertura do espectáculo, revisitando de seguida os 7 álbums de estúdio (com excepção do disco menos conseguido de 2010, All Days Are Nights: Songs for Lulu), ora cantando com uma guitarra na mão, ora se sentando no piano para apresentar o próximo tema. “This Love Affair”, “Out Of The Game”, “Grey Gardens”, “Jericho”, “In My Arms” (aqui enganou-se na letra o que levou à gargalhada geral e a um forte aplauso) sucederam-se num ambiente bastante intimista. Wainwright mostrou-se muito comunicativo com o público. Referiu-se por duas vezes à cidade de Braga: quando visitou "umas 5 igrejas" e quando se deslumbrou com o Bom Jesus. Tentou, com sucesso, a comédia quando contou a sua recente passagem pelos arredores de Barcelona e pelo momento em que recebeu uma massagem de um profissional que não dominava a língua inglesa e que lhe pediu para “inspire” e “expire” (inhale, exhale) e que também lhe perguntou “Do you like depression?”…
O artista emocionou-se quando apresentou uma cover de Lhasa de Sela (falecida em 2010), a magnífica “I’m Going In”. Houve ainda tempo para apresentar uma nova canção “The Sword Of Damacles” que “soon will be released”, contando previamente que foi inspirada por uma amiga francesa chamada Bernardette. Anunciou que irá apresentar a sua primeira ópera "Prima Donna" na próxima semana em Paris e que já está a preparar a próxima ópera baseada no imperador Adriano.
Sem grande surpresa as últimas quatro canções foram: “Cigarettes And Chocolate Milk”, “Going To A Town” (a mais ovacionada da noite), “Hallelujah” (original de Leonard Cohen) e, surpreendentemente, encerrou a noite com “Poses”, do disco com o mesmo nome que verdadeiramente celebrizou Wainwright como compositor (nesta última interpretação voltou a esquecer-se da letra – “it’s getting late”, justificou o homem). Agradeceu e elogiou o público bracarense: "What a discovery!".
Rufus Wainwright provou que o artista é um bom artista, mostrou uma das suas facetas mais fortes, a de cantautor sozinho ao piano ou à guitarra, longe das orquestrações pomposas que costumam marcar presença nas suas canções. E tão cedo não se apagará esta actuação nas mentes de quem a presenciou.
domingo, 23 de abril de 2017
sábado, 22 de abril de 2017
Museu do Dinheiro (Lisboa)
Acabei de visitar o Museu do Dinheiro, na Baixa Pombalina. Após um minucioso controle electrónico, a entrada foi feita pelo imponente hall da antiga Igreja de São Julião, e iniciou-se de seguida uma viagem pela máquina do tempo…
Nove salas temáticas do Museu, propriedade do Banco de Portugal, com muita interacção multimédia, dão-nos a conhecer a origem do dinheiro, quem o fabrica e a relação que se foi estabelecendo ao longo dos tempos entre o Homem e o dinheiro. A lógica subjacente a este museu temático é: ver, tocar, experimentar e partilhar.
A visita guiada começa com o convite a tocar numa barra de ouro de mais de doze quilos e meio, que valerá, dependendo da cotação, meio milhão de euros, a manusear uma moeda virtual, a viajar num mapa, a trocar bens por dinheiro com um computador que simboliza o deus grego Hermes (deus do comércio e das trocas), a posar para que a nossa cara apareça numa nota, a utilizar o simulador de um poço de desejos e a deixar um depoimento sobre a relação que se tem com o dinheiro. Importante, foi também conhecer alguns dos objectos que eram usados antigamente nos bancos assim como máquinas, chapas de impressão, esboços e desenhos que estão na origem das moedas e notas.
Na cripta da antiga igreja foi-nos dado a conhecer um troço da Muralha de D. Dinis, classificada como Monumento Nacional (descoberta nas escavações arqueológicas realizadas em 2010), uma construção medieval que nos levou numa viagem, percorrendo mais de 1000 anos da história de Lisboa.
Também tivemos a oportunidade de apreciar uma exposição alusiva aos 500 anos do nascimento (1517-2017) do pintor, desenhador, arquitecto, ensaísta, idealista, Francisco D’Holanda, um homem ímpar na história da cultura portuguesa. Esta exposição propõe um olhar de síntese sobre a vida e a obra deste artista de relevo na cena renascentista nacional e internacional.
Dada a quantidade de informação que nos é fornecida, se desejarmos relembrar e partilhar nas redes sociais com os amigos esta incursão pela história do dinheiro, podemos chegar a casa e, com o bilhete de entrada no museu, recriar o percurso e tudo o que se fez no computador, ou seja, acabamos por terminar a visita na nossa própria casa. Enfim, uma excelente viagem pela nossa história…
quarta-feira, 12 de abril de 2017
Queridas Mães, Queridos Filhos
terça-feira, 4 de abril de 2017
quarta-feira, 22 de março de 2017
Sons da Primavera
Almada Negreiros, in 'Frisos - Revista Orpheu nº1'
1. Ryan Adams – Do You Still Love Me?
2. Laura Marling – Next Time
3. Temples – Strange Or Be Forgotten
4. Cigarettes After Sex – Nothing’s Gonna Hurt You Baby
5. The Flaming Lips – There Should Be Unicorns
6. Lana Del Rey – Love
7. Father John Misty – Pure Comedy
8. MIYNT – Cool
9. Bishop Briggs – Wild Horses
10. The Molochs – You And Me
11. Anna Of The North – Oslo
12. AOE – I'm Right This Time
13. Majical Cloudz – Downtown
14. Goldfrapp – Ocean
15. The Magnetic Fields – Be True To Your Bar
16. Grandaddy – A Lost Machine
17. The Big Moon – Formidable
18. Elbow – Magnificent (She Says)
19. Cage The Elephant – Cigarette Daydreams
20. Communist Daughter – Keep Moving
quinta-feira, 2 de março de 2017
Leituras de Março
- Alberto Manguel - A Biblioteca À Noite
- Charles Dickens - História Em Duas Cidades
- Geraldine Brooks - As Memórias Do Livro
- Margaret Atwood - O Coração É O Último A Morrer
- Philip K. Dick - O Homem Do Castelo Alto
domingo, 29 de janeiro de 2017
King Roger
O campeoníssimo suíço Roger Federer acabou de escrever uma nova página na sua lenda na história do ténis, ao vencer o seu quinto Open da Austrália, o seu 18º título do “Grand Slam”, ampliando ainda mais o recorde que já detinha. Era uma final de sonho, um clássico do ténis mundial, um confronto entre dois nomes maiores da modalidade e que, para os fãs, constituía um regresso ao passado embora para mim Federer seja claramente o melhor tenista de todos os tempos.
Depois de nas etapas anteriores vulgarizar 3 Top Ten da modalidade (Berdych, Nishikori e Wawrinka) hoje foi dia de mais Momentos Federer: alturas em que, ao ver o helvético a jogar, o queixo nos cai, os olhos nos saltam das órbitas e soltamos sons que fazem aparecer quem está nas redondezas para verificar se estamos bem. Claro que os momentos são mais intensos se tivermos jogado ténis tempo suficiente para compreender a impossibilidade daquilo que acabámos de o ver fazer.
Subtileza, inteligência, técnica, elegância. A direita de Federer é uma formidável chicotada fluida e a esquerda uma pancada com uma só mão capaz de aplicar uma bola seca, carregada de efeito ou cortada. O serviço possui uma velocidade de classe mundial e uma colocação e variedade que ninguém se aproxima sequer de igualar. O vólei, smash e o lob são exemplares. A capacidade de antecipar a jogada e a noção de posicionamento no campo são sobrenaturais e no jogo de pés é exímio. Desta forma, as proezas desportivas de Federer são extraordinárias. Os seus recordes na modalidade podem ser visualizados numa página da Wikipédia.