quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Os Melhores Filmes de 2020
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Os Melhores Discos do Ano 2020
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
As Minhas Melhores Leituras de 2020
domingo, 27 de dezembro de 2020
As Melhores Séries de 2020
Thriller, drama, comédia e ficção científica. Há de tudo nesta seleção das melhores séries. Creio que nunca vi tantas séries de televisão e nunca senti que ficou tanto por ver. É impossível ver tudo. Todos os dias saem novas séries nas várias plataformas de streaming disponíveis em Portugal e foram várias as histórias interessantes que chegaram à televisão nos últimos meses. Esta é a lista (possível) das melhores séries de 2020 a que assisti:
1) The Unorthodox
2) Small Axe
3) Pátria
4) Curb Your
Enthusiasm (Temporada 10)
5) The Crown
(Season 4)
6) Normal
People
7) Better Call
Saul (Season 5)
8) The Queen’s
Gambit
9) Ozark
(Season 3)
10) Mrs. America
11) A Teacher
12) The Undoing
13) High
Fidelity
14) A Very
English Scandal
15) Little Fires
Everywhere
16) Ramy (Season
2)
17) The
Mandalorian
18) Dave
19) My Brilliant
Friend (Season 2)
20) Bridgerton
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Jesus aguentaria ser professor nos dias de hoje?!
Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Ele preparava-os para serem os educadores capazes de transmitir a Boa Nova a todos os homens. Tomando a palavra, disse-lhes:
- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?
André perguntou:
- É pra copiar?
Filipe lamentou-se:
- Esqueci-me do meu papiro!
Bartolomeu quis saber:
- Vai sair no teste?
João levantou a mão:
- Posso ir à casa de banho?
Judas Iscariotes resmungou:
- O que é que a gente vai ganhar com isso?
Judas Tadeu defendeu-se:
- Foi o outro Judas que perguntou!
Tomé questionou:
- Há alguma fórmula pra provar que isso tá certo?
Tiago Maior indagou:
- Vai contar pra nota?
Tiago Menor reclamou:
- Não ouvi nada, com esse grandalhão à minha frente!
Simão Zelote gritou, nervoso:
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?
Mateus queixou-se:
- Eu não percebi nada, ninguém percebeu nada!
Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
- Isso que o senhor está a fazer é uma aula? Onde está a sua planificação e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e específicos? Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?
Caifás emendou:
- Fez uma planificação que inclua os temas transversais e as atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?
Pilatos, sentado lá no fundo, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações do primeiro, segundo e terceiro períodos, como aplicaram os critérios de avaliação e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto. E veja lá se não vai reprovar alguém!
E foi nesse momento que Jesus disse: "Senhor, porque me abandonaste?"
(Nem Jesus aguentaria ser um professor nos dias de hoje...).
Texto (bastante) adaptado de um site da internet.
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
Sons de Outono
1. Porridge Radio - Sweet
2. Phoebe Bridgers - Kyoto
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
domingo, 1 de novembro de 2020
Ian McEwan – A Balada de Adam Henry
Ian McEwan apresenta uma prosa
habilidosa, onde nenhuma palavra ali está por acaso e os parágrafos sucedem-se
sem artifícios ou truques retóricos. Escrito na terceira pessoa, apresenta-nos uma
história com laços simples, que se tornam complexos com o desenrolar dos
acontecimentos. Os temas centrais são o confronto entre a vida pessoal e a vida
profissional, mas também entre a razão científica e o fundamentalismo religioso.
Utiliza como pano de fundo o sistema judiciário inglês e uma prestigiada juíza
do Supremo Tribunal como protagonista: Fiona Maye, 59 anos, especialista em Direito
de Família, e que de acordo com os seus colegas, possui “uma imparcialidade
divina e inteligência diabólica”. Tornou-se famosa devido a um caso de gémeos ao
aprovar a intervenção cirúrgica que iria separar uns irmãos siameses,
provocando o sacrifício de um deles em benefício da sobrevivência do outro.
Apesar de lidar diariamente com a
razão em detrimento da emoção, decidindo conflitos e dilemas morais através das
suas sentenças, a sua vida pessoal está a passar por uma crise: arrepende-se de não ter
tido filhos e o marido, professor universitário de História, coloca-a numa
posição de escolha entre uma posição passiva sobre um caso extraconjugal com
uma colega do trabalho e o fim do casamento de 35 anos (justificando-se com as suas
necessidades sexuais não atendidas nos últimos tempos por Fiona, obcecada pelo
trabalho).
É neste ambiente que vai parar às
suas mãos um caso de um rapaz, prestes a completar 18 anos, que precisa de uma transfusão
de sangue para o tratamento de leucemia. Este rapaz, Adam Henry, cujos pais são
Testemunhas de Jeová, não aceita aquela solução e está disposto a “morrer como
mártir” pela religião. O momento familiar complicado pelo qual Fiona está a passar
faz com que ignore a necessidade de afastamento emocional na batalha jurídica
que chamará a atenção da sociedade para um debate sobre o bem-estar do
adolescente em confronto com os dogmas religiosos da sua família e assim ela decide
ir visitar o jovem Adam ao hospital. Aqui, constata que este tem uma
compreensão parcial da situação precária da sua saúde e dos riscos associados
e, ao mesmo tempo, uma visão romântica da fatalidade dos efeitos decorrentes da
sua orientação religiosa. Escreve poesias que encantam a equipa médica e
despertam na experiente juíza um sentimento ambíguo de compaixão maternal (ela decidiu
não ter filhos devido à sua carreira) e carência sentimental. Para Adam, “a
religião dos meus pais era um veneno e a Fiona foi o antídoto”.
A música erudita tem um lugar de
destaque neste romance, constituindo uma válvula de escape para Fiona, uma
exímia pianista de peças clássicas de Berlioz e Mahler (no seu belíssimo apartamento
tem um piano Fazioli), e também um ponto de aproximação entre ela e o sensível
Adam Henry. Também se encontram referências a Bach, Schubert e Scriabin e a dois
discos: “Facing You” de Keth Jarrett e “Round Midnight” de Thelonius Monk. Fundamental também é o poema de William
Butler Yeats, “Down By the Salley Gardens”.
Para quem nunca leu nada deste
autor recomendo a leitura de “Amesterdão”, “Expiação” e “Sábado” (preferencialmente
por esta ordem).
sábado, 31 de outubro de 2020
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Concertos de 2019
A pandemia trouxe o isolamento e distanciamento social, mas também trouxe a ausência de concertos ou festivais de música. Ouvir música ao vivo tem sido, desde sempre, uma forma de libertar o corpo e a mente, um local para deixar o stress e recarregar baterias. Assim não é de estranhar que haja saudades do verão quente, servido de muita música ao ar livre e de memórias que nos aguentavam a saudade até ao ano seguinte.
Relembro AQUI, nesta altura de pandemia os concertos mais memoráveis do ano de 2019: Primavera Sound, Alive, SBSR, Sudoeste, Paredes de Coura, Vilar de Mouros.
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Leituras do Mês
- Roberto Bolaño - O Terceiro Reich
- Maria João Lopo De Carvalho - O Fado Da Severa
- François Bégaudeau - A Turma
Dia Mundial do Sorriso (Best Stand-Up Comedy Specials)
Sorrir é das coisas mais simples, contribui para o nosso bem-estar e para uma vida saudável. E os espetáculos de stand-up vistos no último ano que mais contribuíram para o meu sorriso foram:
- Hasan Minhaj: Homecoming King (2017)
- Jim Jefferies: Bare (2014)
- Hannibal Buress: Comedy Camisado (2016)
- Jim Gaffigan: Beyond The Pale (2006)
- Richard Pryor: Live in Concert (1979)
- Ali Wong: Baby Cobra (2016)
- Patton Oswalt: Annihilation (2017)
- Reggie Watts: Spatial (2016)
- Zach Galifianakis: Live At The Purple Onion (2006)
- Jen Kirkman: I’m Gonna Die Alone (And I Feel Fine) (2015)
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
Planeta - Lixeira (Placebo - Life’s What You Make It)
A sociedade de consumo desenfreado, a constante crise económica, a insegurança internacional e o continuado confronto entre as nações, o esbanjador estilo de vida das nações mais avançadas, tudo isso é insustentável para a Terra que assim não se consegue regenerar. O que se passa com o degelo nos polos e os devastadores incêndios na Amazónia – o pulmão natural em vias de colapso final – são exemplos negativos e criminosos de que é (quase) impossível reverter a morte anunciada deste nosso habitat, que já foi um paraíso e que vai sendo transformado numa verdadeira montureira.
O vídeo do tema Life’s What You Make It (cover do tema dos Talk Talk de 1985), da banda inglesa Placebo foi gravado numa das áreas mais poluídas do planeta, em Agbogbloshie, localizado na cidade de Acra, no Gana, onde fica a maior lixeira eletrónica do mundo onde são abandonados milhões de computadores, televisores, impressoras e telemóveis velhos pelos países mais desenvolvidos. A ideia é mostrar como parte da população vive e trabalha neste local e também o quanto nós, seres humanos, descartamos não só o lixo convencional, mas os restos de equipamentos eletrónicos, tão presentes na nossa vida.
O vídeo inicia-se com imagens da linha de produção de uma fábrica de produtos eletrónicos até serem substituídas por imagens de Agbogbloshie, um enorme depósito de resíduos de produtos eletrónicos onde milhares de famílias recolhem sucatas para sobreviver.
No meio da catástrofe humana registada nesse local, as imagens mostram os seus trabalhadores, essencialmente crianças e jovens, em alguns momentos de descontração e alguns deles chegam a cantar, a dançar e a exibirem-se para as câmaras.
quarta-feira, 2 de setembro de 2020
Truman Capote – A Harpa de Ervas
Há muito tempo não lia uma obra de prosa tão poética. A escrita de Capote, servida por uma boa tradução nesta edição Sextante, revela uma musicalidade impressionante e o título da obra dá bem o tom dessa música: o vento inclina a erva, fazendo-a soltar uma espécie de zumbido, um conjunto de ecos que parecem sintetizar vozes humanas que cantam em uníssono.
Está dado o mote para um magnífico livro, bem típico da época em que foi escrito, o início dos anos 50 do século passado; época de ilusão e de esperança para muitos mas de pessimismo para outros. Entre esses descrentes, alarmados pelo império do capitalismo, pelo macarthismo cada vez mais violento, pelo racismo e injustiças sociais, encontramos os escritores do movimento “Beat”, como são os casos de Capote e Kerouac.
Neste contexto, este livro é um intenso apelo à liberdade; ao direito que cada um deveria ter à diferença, a comportamentos socialmente atípicos e a todo um conjunto de pensamentos e comportamentos que devem ser respeitados. Assim, as personagens principais deste livro são seres antissociais, pessoas renegadas pela sociedade, perseguidos pela cor da pele, pela “deficiência” ou, como é o caso do narrador, por ter sido abandonado pelos pais. É neste aspeto que o livro é bastante autobiográfico – também Capote foi um jovem rejeitado pelas sociedade, um desenraizado, abandonado pelos pais.
Trata-se então de um livro típico desta época da escrita norte-americana, num belo estilo poético. Não é um livro grande; não é um livro com um grande enredo; mas é uma obra que prima pela beleza da própria escrita e por uma belíssima mensagem de liberdade.
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
Explained (Netflix - Season 1 & 2)
Esta série bastante esclarecedora da Netflix explora vários temas, e é perfeita para quem é curioso e gosta de entender um pouco de tudo. Os episódios são muito curtos, raramente atingem os 20 minutos, aborda temas de Economia e Sociologia, como a ascensão da moeda digital, o mercado de ações, o politicamente correto e a disparidade salarial racial mas também explica, por exemplo, a razão do fracasso das dietas, o mundo da música pop coreana, os desportos eletrónicos ou a vida extraterrestre.
Season 1
- A Disparidade Salarial Racial
- ADN Manipulado
- Monogamia
- K-Pop
- Criptomoeda
- Por Que Falham As Dietas
- O Mercado De Ações
- Desportos Eletrónicos
- Vida Extraterrestre
- !
- Criquete
- Canábis
- Tatuagens
- Astrologia
- Será Que Podemos Viver Para Sempre?
- O Orgasmo Feminino
- O Politicamente Correto
- Por Que São Mais Baixos Os Salários Das Mulheres
- A Crise Mundial Da Água
- Música
Season 2
- Cultos
- Multimilionários
- Inteligência Animal
- Athleisure
- Codificação
- Piratas
- A Próxima Pandemia
- O Futuro Da Carne
- Beleza
- Diamantes
terça-feira, 28 de julho de 2020
Leituras de Verão
terça-feira, 14 de julho de 2020
domingo, 10 de maio de 2020
quinta-feira, 23 de abril de 2020
sexta-feira, 17 de abril de 2020
sábado, 4 de abril de 2020
Corona Mixtape
A epidemia de coronavírus pode até sugerir para alguns que o fim do mundo está próximo. Que fique claro: o mundo não vai acabar (mas vai mudar). Na música, no entanto, o apocalipse inspirou e continua a inspirar compositores a descrever como seriam os derradeiros dias do nosso planeta.
Com o estado de emergência a confinar milhões de portugueses em casa, a música pode ganhar nova relevância. Eis uma lista de 65 canções que podem ser banda sonora para os dias da pandemia...
sexta-feira, 3 de abril de 2020
Leituras do Mês
quinta-feira, 26 de março de 2020
Sons da Primavera
1. Two Feet - Maria
2. Baxter Dury - I'm Not Your Dog
3. Haelos - Pray
segunda-feira, 23 de março de 2020
Serial Killers
As próximas linhas são dedicadas aos apaixonados por histórias negras que revelam as mentes perigosas e intrincadas de assassinos. São séries exigentes do ponto de vista emocional mas excelentes!
When They See Us
Baseada na história real de cinco adolescentes negros conhecidos como Central Park Five, a série segue a história de como o grupo de Harlem foi acusado injustamente de violação. A primeira parte da série passa-se num ambiente de 1989, quando foram questionados pela primeira vez sobre o assédio de uma atleta caucasiana no famoso parque de Nova Iorque. A seguir, quatro dos jovens são enviados para um centro de correcção, mas um deles, por já ter 16 anos, é enviado para uma prisão.A série tem cerca de 5 horas e está dividida em 4 partes. A quarta parte é brutal e é dedicada quase na íntegra à tragédia de Korey Wise (Jharrel Jerome tem um desempenho soberbo) – que em 1989 se deslocou à esquadra apenas para acompanhar um amigo e acabou como o único elemento dos Five julgado como adulto, passando 12 anos da sua vida entre 3 prisões diferentes a tentar sobreviver. Além de Jharrel Jerome também há actuações brilhantes por parte de Felicity Huffman e Vera Farmiga.
É uma reflexão sobre justiça, sobre o medo e sobre abuso de poder. É terapia de choque e formação cívica. Recorda um conjunto de rapazes no lugar errado à hora errada e é a série certa no momento certo, como seriam todos os momentos para relatar uma história assim.
Esta série conta a terrível (e intrigante) história real sobre o terrorista Ted Kaczynski, que ficou conhecido como “Unabomber” por enviar bombas através do correio para as suas vítimas. Entre o final dos anos 1970 e a década de 1990 feriu 23 pessoas e matou outras três.
Manhunt: Unabomber é uma série a duas velocidades. Os últimos meses de caça ao homem, por um lado, mostrando como o FBI procurava um homem ignorante e depois encetou uma busca por um intelecto refinado, capaz de redigir o famoso manifesto enviado ao New York Times. Essa é a primeira mecha da narrativa, que avança, alternando, dois anos para o momento em que é preciso bater o homicida no seu próprio jogo - fazê-lo confessar, evitando que use o palco mediático para pregar à sociedade que considera ser povoada por carneiros dependentes das máquinas.
Com Paul Bettany como o Unabomber e Chris Noth como o agente do FBI que lidera a investigação, a série é protagonizada por Sam Worthington como Jim “Fitz” Fitzgerald, um profiler incorruptível e pioneiro.
Ted Kaczynski matava pelo correio, enviando encomendas armadilhadas. Conseguiu escapar às autoridades durante duas décadas. Visto como um eremita louco, a série inclina o prisma para ver as origens da mente criminosa, mas também a sua sofisticação.
No dia 15 de Julho de 1997, o estilista Gianni Versace foi assassinado com dois tiros na nuca à porta de sua casa, em Miami. Versace tinha 50 anos. O criminoso, identificado logo no primeiro episódio, Andrew Cunanan, é um serial killer homossexual de 27 anos, que vivia à custa de homens mais velhos e ricos.
A série tem nove episódios. Começa com a morte de Versace e depois anda para trás e para a frente no tempo, ora mostrando como era a vida de Cunanan e outros dos seus crimes, antes de ter morto o estilista, ora centrando-se na caça ao homem pela polícia de Miami.
Édgar Ramirez interpreta Gianni Versace, Ricky Martin personifica o seu namorado, Anthony D’Amico, Darren Criss dá corpo a Andrew Cunanan e Penélope Cruz é Donatella Versace, a irmã do estilista.
Mindhunter - Season 1
Mindhunter é uma série inspirada na obra "Mind Hunter: Inside The FBI's Elite Serial Crime Unit" de John E. Douglas e Mark Olshaker, agentes do FBI, onde narram as suas pesquisas na área de psicologia criminal. Os seus estudos incluem, em grande parte, entrevistar assassinos em série famosos, em busca de razões para as suas acções, tentando desta forma, nos anos 70, expandir as fronteiras da ciência criminal com um perigoso mergulho no universo da psicologia do assassinato.
Apanhar assassinos em série requer astúcia e assim entrevistar assassinos para perceber o que os move é o mote desta série criada por Joe Penhall e dirigida por David Fincher, entre outros realizadores. Baseada numa história verídica, com assassinos de que já ouvimos falar, Mindhunter centra-se nos agentes Holden Ford (Jonathan Groff) e Bill Tench (Holt McCallany), da Unidade de Ciência Comportamental do FBI, juntamente com a psicóloga Wendy Carr (Anna Torv).
Na 2ª temporada o foco vai para a investigação de homicídios de crianças ocorridos entre 1979 e 1981, em Atlanta, Geórgia, nos EUA.
Uma série negra e tensa, sem nunca ser demasiado explícita.
sexta-feira, 13 de março de 2020
O Mundo às Avessas
Atravessamos um momento de profunda angústia face a uma realidade que poucos pensavam possível. A pandemia do Covid-19 está a afetar de forma profunda a nossa sociedade e terá consequências a longo prazo.
Embora acredite que será possível, num prazo razoável, encontrar uma vacina que poderá impedir a generalização da infeção, até lá os efeitos continuarão a sentir-se. Situações como a de Itália, com o fecho de todo um país, poderão repetir-se noutros países, com consequências profundas no tecido social e económico.
Aparentemente em Portugal, um país de brandos costumes, está a existir alguma dificuldade na perceção real do problema, não se assistindo, de forma generalizada, à adoção dos comportamentos de prevenção adequados.
Notícias a que temos assistido, como o não cumprimento do isolamento social por parte de algumas pessoas, são de uma enorme irresponsabilidade e dificultam, eventualmente de forma definitiva, os esforços de contenção da disseminação da infeção.
Ainda ontem foi noticiado que algumas praias da zona de Lisboa estavam cheias de banhistas e na marginal de Esposende ou da Póvoa de Varzim, ou ainda no Santuário do Sameiro, verificaram-se situações de aglomeração de cidadãos.
Este tipo de comportamento tem de terminar. Deve ser preocupação de todos cumprir e exigir o cumprimento das medidas de prevenção, contribuindo para a consciencialização da sociedade para a dimensão do problema que enfrentamos e para o fim da pandemia.
Quando se assistia a uma recuperação económica generalizada, após uma crise profunda iniciada em 2008, esta pandemia, conjugada com a guerra do petróleo entre a OPEP e a Rússia, constitui a tempestade perfeita que poderá e deverá originar uma nova crise financeira. E, com o crescimento das tendências nacionalistas, a reconfiguração das cadeias de produção, a subida ao poder de personalidades com reduzidas capacidades de enfrentar os problemas, podemos estar a assistir a uma reconfiguração do Mundo a que estamos habituados, com consequências imprevisíveis e possíveis retrocessos civilizacionais.
Esperemos que os políticos que nos governam estejam, desta vez, à altura do desafio.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020
Haruki Murakami - Norwegian Wood
“A morte existe, não como o oposto da vida mas como parte dela” (página 40)
Este foi o primeiro livro de sucesso de Haruki Murakami, publicado em 1987. O título é inspirado numa canção dos Beatles, com o mesmo nome (do álbum de 1965, Rubber Soul) que descreve um caso extraconjugal de John Lennon. A canção apresenta cítaras indianas, bastante melancólicas, e é conhecida pelas suas referências à espiritualidade oriental. A história começa num aeroporto de Hamburgo, onde essa música está a passar nos altifalantes e a partir daí Toru Watanabe (o narrador do livro) começa a refletir sobre a sua vida nos anos 60.
Aos 17 anos, Toru tinha uma relação formidável com o seu melhor amigo, Kizuki que era o alicerce da sua existência, a sua melhor companhia. Numa noite, sem ninguém prever, Kizuki suicida-se. Este é o acontecimento que muda o dia-a-dia de Toru e que potencia uma alteração na forma como este encara o mundo e a vida.
Toru acaba por criar uma forte relação com Naoko, a namorada de Kizuki, por quem se apaixona. Porém, Naoko nunca ultrapassou bem a morte do seu namorado e acaba por ser institucionalizada numa espécie de sanatório moderno, meio alternativo (o sanatório é claramente uma alusão à obra-prima de Thomas Mann, “A Montanha Mágica”, de 1924).
De seguida, acompanhamos Toru na sua entrada na universidade, a lidar com todas as emoções e dúvidas típicas desta fase, e a sua difícil adaptação a esta nova realidade. Durante estes anos da faculdade, Toru conhece Midori, uma rapariga muito especial e excêntrica que se torna a sua melhor amiga.
As paixões de Toru (Naoko e Midori) representam duas forças em confronto: Naoko é a tradição, a calma, a paz. Midori é o futuro, a ambição, a excitação do progresso e do desconhecido. Entre estes dois polos, Toru procura a sua liberdade, a sua afirmação.
A famosa geração de sessenta, também no Japão, vivia numa encruzilhada: os movimentos estudantis em confronto com a geração conservadora dos pais, a geração saída da segunda guerra mundial. Este conflito de gerações (que se sentiu também na Europa) colocava em confronto aqueles que viveram a guerra e construíram a recuperação económica com base numa disciplina férrea e os filhos, protegidos pelos pais mas educados nessa disciplina, condição essencial para o grande objetivo de construir a riqueza material. Foi uma época em que o Japão adotou o modo de vida ocidental, uma época em que as pessoas ouviam Bill Evans, liam Thomas Mann e bebiam muito café.
Ao longo da obra, Murakami encara estes jovens rebeldes (com os quais Toru não se identifica) como pessoas pouco esclarecidas, para quem a rebeldia era um instrumento de afirmação, mais do que de defesa de determinados ideais. A revolta contra a guerra do Vietname ou contra o sistema universitário eram apenas argumentos para uma geração sem ideais.
Se já não bastasse a qualidade da história, Murakami impõe um verdadeiro arsenal cultural em termos de literatura, música e cinema: é uma espécie de charme a mais na literatura dele, com muitas referências musicais e literárias, que permitem ao leitor aproveitar muito além da história e das personagens. Esta é sem dúvida outra das razões pelas quais as obras deste autor me cativam tanto.
A escrita é muito clara e objetiva, sem floreados nem metáforas. Em algumas partes, parece mesmo “crua”. É também um livro com uma carga sexual bastante forte mas que dá, de certa forma, veracidade à história - estamos a falar da vida de um adolescente. Aborda temáticas muito fortes como o suicídio, a transição para a vida adulta e o sentido da vida pois mostra-nos como devemos sempre continuar a lutar pela vida, mesmo quando não parece valer a pena. De sermos resilientes e de lutarmos por nós, quando todas as forças nos puxam no sentido inverso.