terça-feira, 1 de outubro de 2024
Leituras do Mês
- Maria Filomena Mónica – Os Livros da Minha Vida
- Jaroslav Hašek – O Bom Soldado Švejk
- Charles Bukowski – Histórias de Loucura Normal
- Sándor Márai – A Herança de Eszter
quinta-feira, 25 de julho de 2024
Sons de Verão
1. Sleater-Kinney – Hell
2. Young Fathers – I Saw
3. Sia – Gimme Love
4. The Jesus And Mary Chain – Jamcod
5. English Teacher – The World’s Biggest Paving Slab
6. Warhaus – Popcorn
8. Kurt Vile – Another Good Year For The Roses
9. Bjork (Ft. Rasalía) – Oral
10. Liam Gallagher & John Squire – Just Another Rainbow
11. The Black Keys – Beautiful People (Stay High)
12. Lola Young – Wish You Were Dead
13. The Vaccines – Discount De Kooning (Last One Standing)
14. Kim Gordon – Bye Bye
15. James – Is This Love
16. Japanese Breakfast – Posing In Bondage
17. Anjimile – The King
18. Vera Sola – Bad Idea
19. Nick Cave – La Vie En Rose
20. Vampire Weekend – Mary Boone
segunda-feira, 1 de julho de 2024
Leituras do Mês
- Marina Lewycka – Uma Breve História dos Tratores em Ucraniano
- Louise Candlish – O Passageiro Misterioso
- Pierre Singaravelou e Sylvain Venayre – A Mercearia do Mundo
- Fernanda Melchior – Temporada de Furacões
sábado, 4 de maio de 2024
quarta-feira, 1 de maio de 2024
Lloyd Cole – Theatro Circo (30 de Abril)
O músico e cantor britânico revisitou quatro décadas de carreira sozinho e no centro do palco, todo vestido de branco, ladeado por duas guitarras, que foi trocando ao longo do concerto.
Lloyd Cole é um exímio guitarrista e continua a ser dono de uma voz envolvente e única, que a acústica do Theatro Circo potencia, para gáudio do público.
O músico inglês brindou o público com um humor leve e uma capacidade de rir-se de si próprio que só os grandes artistas possuem:
- anunciou que o espetáculo de duas horas tem um intervalo para “fazer os que as pessoas da nossa idade precisam fazer”, diz o cantor de 63 anos, rematando que lhe cabe fazer, portanto, o concerto de abertura e o concerto principal;
- assegurou que a mãe demorou 30 anos a gostar de uma canção sua (“Myrtle And Rose”);
- gozou com a editora Polydor por esta ter pensado que ele ia ser “grande”;
- ao mencionar o seu último álbum, On Pain, acrescenta também “by the way, it's fantastic”;
- após o tema “Undressed” esclarece que o “naked” refere-se a ele, mas há 30 anos atrás;
- sugeriu que brindassem o clube de futebol local (Sporting Clube de Braga) com parte do refrão do tema "The Idiot” (Stop Being Drug Addicts);
- anunciou que quando escreveu o tema “Like Lovers Do”, o seu filho tinha 2 anos e agora tem mais de 30, concluindo com um “terrifying!”.
São estes pequenos interregnos entre canções que pautam um espetáculo recheado de alguns dos maiores êxitos da sua longa carreira, com alguns temas mais recentes.
Foi uma viagem no tempo, com o poder da música a reavivar memórias e a criar novas lembranças, com o público rendido aos temas e à voz do músico. Lloyd Cole é anos 80, é adolescência, é a esperança de tudo o que estava por vir.
1. Don't Look Back
2. Mr. Malcontent
3. Trigger Happy
4. On Pain
5. Why in the World?
6. Can You Hear Me (David Bowie cover)
7. Rattlesnakes
8. Like Lovers Do
9. My Other Life
10. 2cv
11. Undressed
12. Tried to Rock (LC and the Negatives)
13. The Afterlife
14. Are You Ready to Be Heartbroken?
15. Brand New Friend
16. The Idiot
17. Why I Love Country Music
18. Butterfly
19. Jennifer She Said
20. Woman in a Bar
21. No Blue Skies
22. Myrtle and Rose
23. How Wrong Can You Be?
24. Cut Me Down
25. Perfect Skin
26. Passenger (Iggy Pop cover)
27. Lost Weekend
28. Forest Fire
quinta-feira, 25 de abril de 2024
terça-feira, 23 de abril de 2024
segunda-feira, 1 de abril de 2024
Leituras do Mês
- John Banville – Os Infinitos
- Li Cunxin – O Último Bailarino De Mao
- Kate Elizabeth Russell – Minha Sombria Vanessa
quinta-feira, 28 de março de 2024
Sons da Primavera
1. Rufus Wainwright (Ft. Anohni) – Going To A Town
2. The Big Moon – Trouble
3. Grian Chatten – Fairlies
4. First Aid Kit – A Feeling That Never Came
5. The Smile – Wall Of Eyes
6. Master Peace – Veronica
7. Dua Lipa – Houdini
8. Jungle – Back On 74
9. Bloc Party – So Here We Are
10. Romy & Fred again… - Strong
11. Kamal. – White Wine
12. Lucy Dacus – Night Shift
13. MGMT – Bubblegum Dog
14. Archive – Vice
15. Sfistikated (Ft. Rezar) – In The Middle
16. Wallners – In My Mind
17. Beabadoobee – Glue Song
18. Sufjan Stevens – Will Anybody Ever Love Me?
19. Best Youth – Back With A Bang
20. Filipe Sambado (Ft. Conan Osíris) – Caderninho
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024
Swans + Maria W Horn – Theatro Circo (20 de Fevereiro)
De seguida, iniciaram o concerto com “The Beggar”, faixa-título do novo disco, o 16º, que é Swans em estado puro. Um acorde insistente serve de âncora durante a música que, com as invocações xamânicas de Gira, vai fervilhando com maior e maior intensidade até este martelar o ar com a sua mão indicando uma explosão de som por parte da banda.
Seguiu-se “The Hanging Man”, uma das melhores músicas do álbum anterior, “Leaving Meaning”, cuja atmosfera paranoica é ampliada pela performance do baixista Christopher Pravdica que martelou a linha de baixo com a sofreguidão que a canção pede.
É difícil adjetivar uma performance dos Swans. Palavras como transcendente, religiosa ou brutal são lugares comuns que não fazem justiça à intensidade do concerto. Uma pessoa não experiencia um concerto dos Swans; uma pessoa é submetida a um concerto dos Swans.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2024
Pensamento do Dia
“Somente aqueles que estão a dormir não cometem erros.”
quarta-feira, 3 de janeiro de 2024
Leituras do Mês
- Olivier Rolin – Baku - Últimos Dias
- Fabio Volo – O Dia Que Faltava
- Clara Sánchez – Os Monstros Também Amam
- Robert Graves – Eu, Cláudio
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
Os Melhores Discos do Ano 2023
O mercado da música está cada vez mais fragmentado e dominado pelos micro-fenómenos de efémera duração, onde as novas gerações desconhecem o culto do “álbum”. Apesar de o modelo económico da indústria estar em transição, há mais discos a serem lançados todos os anos. E cada esquina da Internet esconde uma opinião, um veredicto, uma sentença. Aqui vai a minha para os discos lançados neste ano que agora termina:
- Lana Del Rey – Did you know that there’s a tunnel under Ocean Blvd
- Blur – The Ballad of Darren
- The Clockworks – Exit Strategy
- Boygenius – The Record
- Slowdive – Everything Is Alive
- Depeche Mode – Memento Mori
- Sufjan Stevens – Javelin
- Anohni and the Johnsons – My Back Was A Bridge For You To Cross
- PJ Harvey – I Inside the Old Year Dying
- Robert Forster – The Candle and the Flame
- Caroline Polachek - Desire, I Want to Turn Into You
- The National – First Two Pages of Frankenstein
- Wednesday - Rat Saw God
- Bar Italia – Tracey Denim
- Belle And Sebastian – Late Developers
- The Kills – God Games
quarta-feira, 27 de dezembro de 2023
As Minhas Melhores Leituras de 2023
1. Douglas Stuart – Shuggie Bain
3. Eduardo Mendoza – A Cidade Dos Prodígios
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
Reuniões de Profes
Ata de um Conselho de Turma (de uma Escola Secundária da Terra Média):
----- Relativamente ao aproveitamento, o Conselho de Turma caracterizou-o como hilariante, uma vez que os níveis atribuídos pouco têm a ver com o desempenho dos alunos, mas sim com outros fatores, nomeadamente: o desejo de nunca mais os ver na sala de aula; a necessidade de cumprir as anedóticas metas de sucesso, de forma a evitar o paleio justificativo no relatório de avaliação de desempenho e demais documentação; a vontade de evitar recursos por seis ou sete encarregados de educação, previamente referenciados pelo conselho de turma como "carraças parentais obcecadas com a entrada dos descendentes no curso de Economia da FEP" [soou uma gargalhada quase geral].
----- A docente de Português confessou que devia ter estudado História para entender os hieróglifos dos testes e também que tinha ganas de imitar Espanca, só para não ter que voltar a ler tantos disparates e facadas na bela Língua Lusitana. Lembrou-se da discrepância que certamente existirá entre a avaliação interna e as notas dos exames nacionais, e por isso considerou não haver qualquer problema se as classificações se mantiverem camufladas na “bondade avaliativa” [soaram exclamações de compreensão e comiseração em quatro docentes].
----- O docente de Geografia declarou que não abdicava dos seus princípios, pelo que tinha atribuído nível quinze a um aluno que nunca compareceu [silêncio constrangedor]. O diretor de turma, bem-humorado, sugeriu que se alterasse para “dezasseis”, o que mereceu uma ovação geral, quanto mais não fosse para não terem que aturar os chiliques pedagógicos do Gabinete de Psicologia.
----- A docente de Inglês esclareceu que mais de metade da turma não distingue ainda “yes” de “no”, o que compreende pois nas suas aulas só falam português, e por isso é-lhe impossível dar menos de dezassete valores a toda a gente pois eles são todos uns amores [nesse momento, fez-se silêncio temeroso].
----- O docente de Educação Física acrescentou que também não tem vontadinha nenhuma de aturar os comentários infelizes de vários quadrantes sobre a importância das suas áreas curriculares, pelo que o nível mínimo que atribuiu foi dezassete, que serviu para penalizar 4 alunos por nunca terem levado sapatilhas para a sua aula.
----- A docente de Matemática não disse mas com certeza pensou nas “melgas inúteis” que são os pais e demais parentes que acompanham vários alunos na realização dos TPC e que os instruem no sentido de pôr em causa tudo o que acontece nas suas aulas, embora a maioria nem o nono ano devia ter concluído [interjeições de concordância e olhares suspeitos de quatro docentes].
----- A docente de Filosofia explicou ao conselho que, no âmbito da interdisciplinaridade, tinha decidido uniformizar os critérios de avaliação, a saber: nível dezoito para quem tivesse pulsação, nível dezanove para quem também respirasse sozinho e nível vinte para quem emitisse cumulativamente sons [olhares de compaixão].
----- Para o docente de Economia, em resposta ao Representante dos Encarregados de Educação que considerou as notas da disciplina muito preocupantes (pois no ano anterior os alunos não falaram de Economia nas respetivas aulas mas pelo menos tiveram média de 16 valores), a inação de uns, a fraca prestação de outros, o desinteresse e a falta de ambição daqueles, enfim, aparentemente barricados na mediocridade escolar, acabam por ter um efeito de desvitalização de todos, vindo sucessivamente a induzir uma mediania académica, mas que tudo poderia ser compensado desde que a estrutura do próximo teste de avaliação fosse ESTA e se inscrevessem na Juventude Socialista.
------ O Diretor de Turma destacou o facto de em mais de trinta anos nunca ter encontrado uma turma de alunos tão mimados, cultores da ignorância, incapazes de cumprir com as regras mínimas de uma sala de aula, que encaram o copianço nos testes como uma atividade perfeitamente normal e os trabalhos práticos como uma forma de praticar as funções “copy” e “paste” do Word e, não satisfeitos com a exuberância do seu tónus intelectivo, boçalmente ajuizarem sobre a condução do processo de ensino-aprendizagem. Por tudo isto, na sua disciplina decidiu atribuir como nota mais baixa dezassete valores [múltiplas interjeições de concordância].
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
The Clockworks - "Exit Strategy"
Ao contrário do que o nome indiciaria, esta não é uma estratégia de saída, mas, sim, de uma entrada direta para a lista dos melhores discos do ano. Músicas introspetivas e contemplativas, de indie-pop nostálgico, mas com bastantes laivos de post-punk e uma raiva latente à espreita.
É um álbum conceptual que, à imagem da banda nascida em Galway, Irlanda, mas amadurecida em Londres, Inglaterra, narra a história de uma personagem que viaja da sua terra-natal irlandesa até à capital londrina à procura de uma vida melhor. Ao longo dos 13 temas do disco, o nosso protagonista da classe operária narra, com ricos recursos líricos, os dramas mundanos de quem tenta sobreviver num mundo sem escrúpulos e desenhado apenas para alguns privilegiados.
A produção de Bernard Butler (guitarrista original dos Suede) foi certamente um fator determinante para o som fresco da banda. Aqui e ali, até se notam alguns parentescos melódicos entre os saudosos Suede do início dos anos 90. Também é quase impossível não notar algumas influências dos Fontaines D.C., especialmente nos temas mais ritmados. Foi por influência de Butler que a banda optou por regravar alguns temas que já antes editara em formato single. A nova roupagem, com o seu toque de Midas, melhorou-as bastante oferecendo uma maior preponderância às guitarras, mas sem apagar o toque introspetivo da banda. O som ficou ali dependurada num limbo oscilante entre um indie-pop melancólico e um post-punk niilista.
O resultado final é um belo conto suburbano das agruras do dia-a-dia, movido a melodias emotivas e guitarras firmes e marcantes. Uma estreia auspiciosa e um dos melhores discos do ano.
domingo, 5 de novembro de 2023
quinta-feira, 26 de outubro de 2023
Leituras do Mês
- Céline – Morte A Crédito
- Juan Marsé – Essa Puta Tão Distinta
- Flannery O’Connor – Um Bom Homem É Difícil de Encontrar
quarta-feira, 25 de outubro de 2023
Sons de Outono
1. Sigur Rós – Fall
2. Devendra Banhardt – Twin
3. London Grammar & SebastiAn – Dancing By Night
4. Silvert Høyem – The Rust
5. Metric – Days of Oblivion
6. Idles – Dancer
7. U2 – Atomic City
8. Debby Friday (Ft. Uñas) – I Got It
9. Yves Tumor – Echolalia
10. Måneskin (Ft. Tom Morello) – Gossip
11. JP Saxe (Ft. Julia Michaels) – If The World Was Ending
12. Future Islands – Deep In The Night
13. Depeche Mode – My Favourite Stranger
14. Passenger (Ft. Gabrielle Aplin) – Circles
15. Maximilian Hecker – Neverheart
16. Harry Styles – Fine Line
17. Sharon Van Etten – When I Die
18. Deerhoof – Midnight, The Stars And You
19. Tomara – Avalanche
20. Carminho – Levo O Meu Barco No Mar
sexta-feira, 20 de outubro de 2023
domingo, 1 de outubro de 2023
domingo, 24 de setembro de 2023
quinta-feira, 14 de setembro de 2023
Vida de CEO
Diz o CEO gordo para o CEO magrinho:
- Como é que te consegues manter tão magro?
- Pá, quando chego a casa do escritório, não vejo nada de interessante no frigorífico, e vou para a cama. E tu, como é que ficaste assim gordo?
- Olha, quando chego a casa do escritório não vejo nada de interessante na cama, vou ter com o frigorífico…
quarta-feira, 13 de setembro de 2023
Geoff Dyer - Os Últimos Dias de Roger Federer e Outros Finais
"Os Últimos Dias de Roger e Outros Finais" é um livro sobre o vasto catálogo dos tópicos preferidos de Dyer, que vão do rock à história militar, passando pelo ténis, jazz, drogas, cinema, pintura ou fotografia. Aqui, Geoff Dyer explora os últimos dias, as últimas obras ou as obras tardias de escritores, pintores, músicos, cineastas e estrelas do desporto que marcaram a nossa memória. Com charme, ironia e inteligência, revê o colapso de Friedrich Nietzsche em Turim, as reinvenções de antigas canções de Bob Dylan, a pintura de Turner com a sua abstração harmoniosa, a ressurreição tardia de Jean Rhys, as derradeiras melodias de John Coltrane, mas também os últimos quartetos de Beethoven, os poemas finais de Larkin, as últimas canções dos The Doors ou o último sopro criativo de Walter Scott, Joyce, Updike ou David Foster Wallace.
terça-feira, 1 de agosto de 2023
Sons de Verão
1. PJ Harvey – A Child’s Question, August
2. Blur – The Narcissist
3. Slowdive – Kisses
4. The Legendary Tigerman (Ft. Asia Argento) – Good Girl
5. Everything But The Girl – Run A Red Light
6. Interpol – Something Changed
7. Caroline Polachek – Welcome To My Island
8. Bar Italia – Nurse!
9. Cigarettes After Sex – Pistol
10. Lana Del Rey – Did You Know That There’s A Tunner Under Ocean Blvd
11. Lightning Craft – My Way
12. Depeche Mode – Ghosts Again
13. Yeah Yeah Yeahs – Blacktop
14. The National – Eucalyptus
15. The Waeve – Can I Call You
16. Sparks – The Girl Is Crying In Her Latte
17. Warpaint – Love Is To Die
18. The Last Internationale – Wanted Man
19. The Last Dinner Party – Nothing Matters
20. Flipturn – Sad Disco
21. John Cale (Ft. Weyes Blood) – Story Of Blood
22. Anohni And The Johnsons – It Must Change
23. Girl In Red – October Passed Me By
24. The Smile – Bending Hectic
25. Boygenius – The Film
quinta-feira, 6 de julho de 2023
Leituras do Mês
- John Steinbeck – O Inverno Do Nosso Descontentamento
- Toni Morrison – A Dádiva
- Rubem Fonseca – A Grande Arte
domingo, 28 de maio de 2023
Centenário do CNE
O Altice Forum Braga foi o local das comemorações deste Centenário, com a realização de jogos no pavilhão, ao longo do dia 27 de maio e, à noite, com a celebração da Eucaristia e a Festa do Centenário, na zona exterior.
São 100 anos de atividades, amizades, construções e acampamentos!
sábado, 27 de maio de 2023
Chemical Brothers (North Festival, Porto, 26 de Maio)
sábado, 20 de maio de 2023
Eduardo Mendoza – A Cidade Dos Prodígios
O enredo desta obra acompanha a cidade de Barcelona entre as duas Exposições Universais aí realizadas: de 1888 e 1929. O protagonista desta estória, Onofre Bouvila, é uma espécie de anti-herói que sobrevive e depois enriquece numa espécie de vida em “contramão”: a sua sorte é o azar dos outros. Toda a cidade de Barcelona acaba por ser vista também nessa perspetiva: uma cidade que enriqueceu com base na desgraça alheia, no sucesso de uma casta de patifes como Onofre Bouvila. A própria Grande Guerra ou a ditadura de Primo de Rivera são vistas em Barcelona como oportunidades de enriquecimento.
Ao longo do livro vamos assistindo também à afirmação do socialismo e do anarquismo como teorias da moda. Os malandrins de Barcelona, mais do que os operários e oprimidos, são o meio em que essas ideias ganham assento. Ao longo do livro vamos sorrindo com um sentido de humor alucinante: do sorriso discreto à gargalhada desabrida vão dois passos, num estilo original e muito fluido. Aliás, é incrível a capacidade de Mendoza para fazer “parêntesis” de duas ou três páginas sem que o leitor perca o fio à meada.
A análise do contexto histórico é excelente: dá-se conta da origem da moderna Barcelona a partir da exposição universal de 1888, num olhar irónico sobre o sucesso de toda a sorte de malandros e rufiões; eles podem ser o coração de uma cidade, mais do que os políticos.
O início do século XX é sempre uma época de eleição para qualquer escritor tais são as novidades; uma das mais espetaculares é o cinema, que Onofre ajudou a levar até Barcelona. Em 1923 dá-se o golpe fascista de Primo de Rivera; a ameaça do extremismo catalão foi uma das causas da instauração da ditadura; é a cidade condal no centro da contestação.
Esta faceta rebelde da Catalunha é o âmago da obra: “Nós, os pobres, só temos uma alternativa, dizia de si para si, a honestidade e a humilhação ou a maldade e o remorso. Isto era o que pensava o homem mais rico de Espanha” (página 292).
A Barcelona moderna surge com o genial Gaudi. No entanto, mesmo neste domínio, Mendoza não deixa de pintar a realidade com tons surreais, apresentando-nos o famoso arquiteto num estado de decadência e decrepitude.
Mas é a aviação que vem fornecer a vertigem dos novos tempos…
A exposição universal de 1929 era a oportunidade de afirmação de Primo de Rivera. Mas foi, pelo contrário, um sinal de falência do sistema capitalista, quatro meses depois do crash da bolsa de Nova Iorque.
A questão fundamental é esta: Vale a pena lutar pela glória? Vale a pena pagar preços tão altos? A questão é posta por Onofre mas podia ter sido posta pela cidade… implícita nesta estória está uma crítica mordaz ao individualismo burguês.
Ao individualismo, Mendoza contrapõe a cidade; um povo que lutou sempre contra a hegemonia da capital e fez da Catalunha um estado autónomo; não se trata da afirmação da cidade em termos económicos nem urbanísticos, mas da cidade como comunidade, com a sua identidade rebelde mas inquebrantável.
segunda-feira, 15 de maio de 2023
Agnes Obel
Agnes Obel é uma cantora, compositora e pianista dinamarquesa que ajuda a tranquilizar e a viajar, pela forma como trata a música, proporcionando sonoridades únicas.
O seu primeiro álbum, “Philharmonics”, foi lançado em 2010 e confirmou uma nova voz na música que foge aos padrões da pop e consegue embalar-nos com uma melancolia serena e inabalável, confirmada pelos trabalhos seguintes, “Aventine” (2014), “Citizen Of Glass” (2016) e “Myopia” (2020).
As suas canções são despojadas, quase intimistas. Parece soprar uma chama que não quer apagar. Vale a pena descobri-la…
terça-feira, 2 de maio de 2023
Leituras do Mês
- Amos Oz – Não Chames Noite À Noite
- Nick Cave – A Morte De Bunny Munro
- Neil Jordan – Amanhecer Com Monstro Marinho
- Eduardo Mendoza – A Cidade Dos Prodígios
domingo, 23 de abril de 2023
sábado, 25 de março de 2023
Owen Pallett / The Hidden Cameras (GNRation, 24 de Março)
O espetáculo iniciou-se com Gibb a solo, todo vestido de branco, com guitarra e bateria e adereços, diz-nos, comprados à tarde numa loja chinesa de Braga, a tocar algumas das canções do disco “The Smell of Our Own”, que celebra agora 20 anos de existência (a primeira foi “Golden Streams” seguida por “A Miracle”, “Shame”, “Boys Of Melody” e “Ban Marriage”) e novas composições para o seu álbum previsto para 2024. Composições irreverentes e diversas influências, que vão desde o folk ao rock’n’roll.
O virtuoso do violino, compositor e produtor, Owen Pallett é um dos músicos mais aclamados no Canadá, com influências que vão desde o pop e rock à música eletrónica, sendo reconhecido pelo seu trabalho a solo e pelos arranjos de orquestra para alguns dos maiores músicos da atualidade. Em 2005 estreou-se a solo como Final Fantasy com o disco Has a Good Home, seguindo-se He Poos Clouds. O seu trabalho com os Arcade Fire, no disco The Suburbs (2011), foi distinguido com um “Grammy”. Esta noite aproveitou a ocasião para celebrar a reedição daqueles dois álbuns de estreia como Final Fantasy.
Á partida poderiam ser dois concertos distintos, mas não foi isso que aconteceu, pois por diversas ocasiões durante o espetáculo, atuaram em conjunto, misturando cumplicidade musical e uma amizade que vai resistindo ao tempo e à distância.
sexta-feira, 24 de março de 2023
Sons da Primavera
1. David Bowie – You Feel So Lonely You Could Die
2. PJ Harvey – Who By Fire
3. Son Lux, Mitski, David Byrne – This Is A Life
4. London Grammar – Lord It´s A Feeling
5. Belle and Sebastian – I Don’t Know What You See In Me
6. Daughter – Be On Your Way
7. Thus Love – Centerfield
8. Yeah Yeah Yeahs – Wolf
9. Yves Tumor – God Is A Circle
10. Dream Wife – Leech
11. Nothing But Thieves – Welcome To The DCC
12. Catbear – I Choose Love
13. The 1975 – I’m In Love With You
14. Emily Jane White – Washed Away
15. Beck – Old Man
16. Måneskin – The Loneliest
17. Miley Cyrus – Flowers
18. Trvstfall – Sing Louder
19. Boygenius – Not Strong Enough
20. The Regrettes – You’re So F**cking Pretty
sexta-feira, 10 de março de 2023
Nina Nastasia (GNRation, 10 de Março)
"I f*****g love Portugal"
A autora de “A Dog’s Life” trouxe consigo o novíssimo Riderless Horse, sétimo álbum de carreira que assinala o fim de um silêncio discográfico de doze anos. Trata-se do primeiro disco desde a morte do marido Kennan Gudjonsson, com quem travou uma longa e abusiva relação, amorosa e profissional, documentando a dor e o luto através de doze transformadoras canções. Assim, neste disco, Nina Nastasia não celebra um momento feliz e estável da sua vida, apenas tenta recuperá-la, salvando-a do momento mais triste e doloroso da sua existência.Riderless Horse é um despojado e arrepiante conjunto de canções que nos conta os diversos momentos da relação, dos mais sombrios aos mais esperançosos. Nas últimas palavras de Riderless Horse, diz-nos “I wanna live, I’m ready to live”, deixando-nos o coração aquecido de esperança. Há momentos em que dizemos que a arte salva, mas poucas as vezes isto foi tão evidente e tão profundamente emocionante.
Numa sala esgotada e sem direito a lamentos ou queixumes, a cantora folk norte-americana, uma talentosa cantora e compositora conhecida pela sua abordagem única e emocional na música, apresentou-se sozinha mas segura, criou uma atmosfera íntima e envolvente, e percorreu todos os seus sete discos com canções excelentes, destacando-se "This Is Love", "Nature" ou a arrepiante "The Two of Us". Pelo meio esqueceu-se de uma letra, que justificou com um "Brain Fart" e soltou um espontâneo "I f*****g love Portugal". O público compreendeu mostrando-se sempre recetivo e interessado e ainda participou em coro num "happy birthday", que a cantora registou no telemóvel e com destino a um tio nonagenário!
O espetáculo foi verdadeiramente especial e deixou uma marca indelével na minha memória.
quinta-feira, 9 de março de 2023
Burrocratização do ensino
Enquanto o país se entretém com a futura localização de um aeroporto que se tornou a imagem do desatino e da incapacidade estrutural de decidir em tempo útil, esquecem-se as más notícias que ensombram a escola pública. Concomitantemente, quem queira servir-se da pandemia para relativizar os resultados negativos do desempenho internacional dos nossos alunos, só pode ter em mente o eterno argumento do “coitadinho”.
Quando tudo gira em torno da mediocridade, em nome da qual ganhou raízes o maior monstro burocrático e legislativo de sempre, eis-nos perante o Leviatã que não suga apenas as energias dos melhores professores, mas também destrói a sua dignidade profissional. Com que objetivo? A encenação de um “céu de papel” que esconda a triste realidade da terra. Mas este ocultamento do “reino da estupidez”, para nosso bem, não é totalmente estanque. E os sinais do desastre educativo nacional estão à vista, de facto, não sendo já possível camuflá-los com o fogo de artifício dos recursos digitais e outros iluminismos da era da inteligência artificial.
quarta-feira, 8 de março de 2023
Ice Merchants
Este ano, pela primeira vez, um filme de produção portuguesa foi candidato aos Oscars, mais precisamente o de melhor curta-metragem de animação.
Intitula-se “Ice Merchants” (“Negociantes de Gelo”), tem 14 minutos e foi realizado por João Gonzalez, cineasta do Porto.
O resumo é fácil de fazer: um homem e o seu filho vivem num pequeno chalé pendurado na parede de uma imponente montanha. Lá, fabricam gelo que vendem numa vila a alguma distância do sopé da elevação. Para servirem os clientes, voam literalmente ao seu encontro.
Limitado nos tons cromáticos em que assenta, utilizados para diferenciar os dois centros da ação, mas também para simbolizar a união do pai e da mãe (ausente?, mas nem sempre...), “Ice Merchants” no minimalismo da sua conceção, na vertigem da sua narrativa com os mergulhos sem rede para o abismo, e no inesperado do seu tom, desconcerta pelo círculo vicioso, qual pescadinha de rabo na boca, que move e condiciona os mercadores.
Termina, de forma trágica, mais impactante dado o humor ligeiro que perpassa por todo ele e na cena final, com uma mensagem ecológica que alerta para a responsabilidade individual de cada um... porque – e quem assistir entenderá – para nós não haverá um paraquedas suplente nem uma almofada que nos ampare a queda.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023
Leituras do Mês
- Giorgio Van Straten – Histórias de Livros Perdidos
- José Carlos Barros – As Pessoas Invisíveis
- Anna Politkovskaya – Um Diário Russo
quarta-feira, 25 de janeiro de 2023
Chris Cleave – A Pequena Abelha
domingo, 15 de janeiro de 2023
Sobre a Inteligência Artificial (AI)
Começou por ser uma brincadeira de nerds, evoluiu para uma ferramenta engenhosa usada por alunos cábulas, derivou para uma atrativa solução empresarial e industrial, afirmou-se como fonte fidedigna de órgãos de Comunicação Social, passou a integrar a máquina de propaganda e desinformação de algumas tribos e, hoje, é encarada como uma séria ameaça ao curso da História, potenciando teorias que anteveem que o fim da espécie humana pode, afinal, não ter causas naturais, mas baseadas na programação informática. A Inteligência Artificial (IA) veio para ficar. Não acabará com o Mundo (esperamos), mas ajudará certamente a mudá-lo. Tentar travá-la apenas porque temos medo terá, provavelmente, o mesmo efeito inconsequente produzido há umas décadas quando nos assustámos com o advento da Internet.
Não conhecemos ainda em profundidade todas as virtualidades desta revolução (e muito menos todos os perigos), mas a melhor forma de enquadrar esta parcela imparável do futuro é recorrendo às leis. E essas ainda são os homens a desenhar.
A União Europeia começou a redigir o “AI Act” há quase dois anos para regular a tecnologia que explodiu após o lançamento do ChatGPT, o aplicativo de consumo com o crescimento mais rápido da História (atingiu os 100 milhões de usuários ativos mensais em poucas semanas).
Neste momento, os legisladores estão a aperfeiçoar o quadro legal, para estabelecer barreiras em função dos níveis de risco: de mínimo a limitado, de alto a inaceitável, abrangendo áreas que vão da vigilância biométrica à disseminação de informação falsa ou ao uso de linguagem discriminatória. O Parlamento Europeu está a fazê-lo de forma sensata, procurando um justo equilíbrio entre os direitos dos cidadãos, o progresso tecnológico e o crescimento económico.
Não censurando o desconhecido, mas preparando as válvulas de escape que melhorem a aculturação de uma realidade que é tudo menos artificial.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
Shusaku Endo – Silêncio
Shusaku Endo, falecido em 1996 foi um dos mais conceituados escritores japoneses do século XX. Nesta obra, "Silêncio", aborda um tema polémico e profundo, que tem muito a ver com a nossa história: o trabalho dos missionários portugueses no Japão, nos séculos XVI e XVII. O livro narra a história do Padre Rodrigues, um jesuíta português que partiu para o país do sol nascente procurando um outro missionário, o padre Ferreira de quem se dizia ter apostatado, ou seja, renegado a fé cristã.
A época era de intolerância; enquanto em Portugal e noutros países cristãos se perseguiam e queimavam judeus nas fogueiras da Inquisição, no Japão eram os cristãos vítimas de perseguição impiedosa por parte das autoridades locais, que pretendiam manter o povo fiel ao Xintoísmo e ao Budismo vigentes.
No entanto, a questão fundamental não radicava apenas na falta de tolerância. A questão fundamental que Endo coloca ao narrar a incrível história do Padre Rodrigues é a incapacidade que os seres humanos revelam para enquadrar as crenças num espaço cultural próprio, sem o qual elas se revelam inférteis. Como afirma um samurai japonês, o cristianismo era como uma árvore transplantada para um terreno infértil. Impor, mesmo que por benevolência, uma determinada crença é um ato institucional, mais do que de consciência. A Igreja como Instituição nunca conseguiu compreender devidamente este fenómeno: o conceito de BEM, por mais universal que possa ser, não é compatível com normas institucionais que se pretendem universalizar.
Nessa medida, a obra de Endo não perde atualidade nos nossos dias; vemos com frequência governos atuais a tentar impor o nosso conceito de bem, de democracia e de liberdade, sem ter em conta as realidades culturais diversas com que nos deparamos. E nós, no nosso quotidiano, quantas vezes não recorremos a argumentos como estes: “isto é bom para ti”, sem ter minimamente em conta a realidade do outro? Até que ponto o nosso conceito de “bem” ou de “bom” deixa de ser uma ideia subjetiva?
Enfim, um livro que foi para mim uma excelente surpresa, pela sensibilidade que revela sobre um assunto tão complexo e intemporal. O estilo, bastante claro e acessível, faz deste livro um verdadeiro manual de tolerância universal.
No filme que Martin Scorsese adaptou ao cinema, os padres são interpretados pelos atores americanos Andrew Garfield e Adam Driver. Os dois vão ao Japão para procurar um dos seus líderes, o padre Ferreira, interpretado por Liam Neeson, que segundo rumores teria abandonado a sua fé no Japão.
Trata-se de um filme inquietante e perturbador, fiel à história e sem pretensões tendenciosas onde Scorsese faz uma reflexão radical sobre as relações entre o humano e o sagrado.
domingo, 8 de janeiro de 2023
Tindersticks (Theatro Circo, 7 de Janeiro)
O alinhamento do concerto inicia-se com "Willow" (da banda sonora do filme High Life) e "A Night So Still" (do álbum de 2012, The Something Rain).
Zero palavras para além das palavras escritas nas letras destas músicas, e, porém, a sensação de estar próximo do palco, dos membros da banda, é esmagadora.
Os Tindersticks continuam deliciosamente imemoriais, sem ligar a modas ou pressões externas, nem precisam de se dedicar a espetáculos de recordar é viver. Bastam serem eles próprios.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Leituras do Mês
- Chris Cleave – Pequena Abelha
- Shusaku Endo – Silêncio
- Zoran Živković – O Grande Manuscrito
- Yrsa Sigurdardóttir – Cinza e Poeira
quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
Os Melhores Discos do Ano 2022
“Tenho o mais simples dos gostos. Satisfaço-me com o melhor”, disse um dia Oscar Wilde. E dirão todos os melómanos de gosto também ele simples. Por isso regresso aqui à música que mais ouvi nos últimos doze meses e organizá-la hierarquicamente, ao meu bel-prazer, é inquestionavelmente uma prática hedonista (e claro está, altamente subjetiva).
O disco mais ouvido foi claramente do duo britânico Wet Leg, composto Rhian Teasdale e Hester Chambers e oriundo da ilha de Wight, que inclui canções como "Wet Dream", "Ur Mum", "Angelica", "Being In Love" ou a perfeita “Chaise Longue”, uma das mais trepidantes canções que o rock nos ofereceu nos últimos anos. Em tom infinitamente “blasé”, o duo canta com languidez sobre o malogro das notas escolares, a vontade escapista e a irreprimível vontade de se estender horas a fio numa “chaise longue”, o objeto mais adorado por qualquer preguiçoso que se preze.- Wet Leg - Wet Leg
- Black Country, New Road - Ants From Up There
- Angel Olsen - Big Time
- Spiritualized - Everything Was Beautiful
- The Smile - A Light for Attracting Attention
- Beach House - Once Twice Melody
- Oumou Sangaré - Timbuktu
- Weyes Blood - And in the Darkness, Hearts Aglow
- Yeah Yeah Yeahs - Cool It Down
- Vieux Farka Touré & Khruangbin - Ali
- Julia Jacklin - Pre Pleasure
- Fontaines D.C. - Skinty Fia
terça-feira, 27 de dezembro de 2022
As Melhores Séries de 2022
O ano foi rico em diversidade de estreias nas plataformas de streaming, do sci-fi à espionagem, das fraudes à fantasia. Com interpretações de luxo, argumentos de peso e histórias mirabolantes, estas são as séries que mais gostei de ver em 2022.
- The Bear – O título desta minissérie é a alcunha dada a Carmen Berzatto, um chef Michelin que se vê na posição de gerir a loja de sandes do irmão, depois de este falecer. É uma série caótica mas viciante, decorre numa atmosfera eletrizante, ao som de “New Noise” dos Refused, tem um elenco brilhante e capta o caos frenético que se apodera da cozinha de um restaurante durante o serviço. Os 8 (curtos) episódios devem ser degustados de enfiada…
- Pachinko – Baseada no bestseller de Min Jin Lee e adaptada por um filho de imigrantes coreanos, em “Pachinko” (uma máquina de flippers à japonesa, que aqui funciona como metáfora para a vida, ela própria uma espécie de montanha-russa diária), o espetador perde-se na belíssima fotografia deste retrato emocional e expressivo da história de todos os coreanos que foram afetados pela colonização japonesa da Coreia no séc. XX.
- Severance – Nesta espécie de comédia bizarra, tenta-se responder essencialmente a uma questão (que depois se desmultiplica): e se conseguíssemos separar a nossa vida pessoal da profissional através de consciências distintas? Independentemente dos motivos, se a tecnologia permitir separar o nosso “eu” pessoal do “eu” do trabalho, será que o fazíamos? Será que conseguíamos simplesmente esquecer oito horas do nosso dia? E, a ser possível, seria sequer ético? Onde é que encaixa aqui o nosso livre-arbítrio?
- The White Lotus (Season 2) – Depois de uma temporada inagural de sucesso, a segunda temporada repete a base satírica mas mudam os ingredientes. A exceção é Jennifer Coolidge, que volta a dar vida a Tanya McQuoid. Neste novo “White Lotus”, as personagens desembarcam na Sicília, num ambiente distópico que sufoca as suas relações interpessoais. Conduzido por um brilhantismo de autor, desta vez o enredo assenta na toxicidade e sexualidade. No desfecho, tudo corre bem porque tudo corre mal.
Momento impressionate da temporada: a dança de Wednesday ao som de “Goo Goo Muck”, dos Cramps, no baile do liceu. Aliás, toda a banda sonora é simplesmente arrepiante. Wednesday é um ás no violoncello e toca, por exemplo, “Winter” de Vivaldi, e uma versão da “Paint It Black”, dos Rolling Stones.
- Bad Sisters – É uma comédia negra sobre as irmãs Garvey. Desde muito cedo, as cinco irmãs tornaram-se inseparáveis devido à morte prematura dos pais. No entanto, quando uma deles, Grace, é vítima de violência doméstica pelo marido, as irmãs decidem resolver o problema com as próprias mãos, levando a consequências desastrosas.
- MO – É um divertido e comovente retrato da vida de um refugiado palestino nos EUA. Série criada por Mo Amer e Ramy Youssef (de outra excelente série, “Ramy”) e por isso autobiográfica: acompanha Mo e a sua família, refugiados do Iraque durante a Guerra do Golfo, no início dos anos 90, em busca da obtenção da cidadania americana.
- Hacks (Season 2) – Série hilariante sobre uma comediante lendária de Las Vegas, pioneira mas ultrapassada, Deborah Vance (Jean Smart). A história explora a relação de mentoria que Deborah estabelece com Ava Daniels (Hannah Einbinder), uma jovem escritora de comédia. Nesta segunda temporada, Deborah, no crepúsculo da sua carreira, decide retornar às suas raízes e fazer espetáculos itinerantes pelos E.U.A.
Menções honrosas para a minissérie The English (protagonizada por Emily Blunt), para a continuação de The Crown (Season 5), Reservation Dogs (Season 3) e Abbott Elementary (Season 2) e para o final da excelente Better Call Daul (Season 6), proveniente do universo Breaking Bad. No mundo da fantasia, além da já mencionada Wednesday é impossível não destacar as majestosas House of the Dragon e The Lord of the Rings: The Rings of Power.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2022
As Minhas Melhores Leituras de 2022
2. Bernardine Evaristo – Rapariga Mulher Outra
3. Gerrit Komrij – Um Almoço De Negócios Em Sintra
4. Salman Rushdie – Quichotte
5. Viet Tranh Nguyen – O Simpatizante
6. Juan Gabriel Vásquez – O Barulho Das Coisas Ao Cair
7. Margaret Atwood – Grace
8. António Mega Ferreira – Desamigados Ou Como Cancelar Amizades Sem Carregar No Botão
9. Michel Houellebecq – Serotonina
10. Marieke Lucas Rijneveld – O Desassossego da Noite
11. Irène Némirovski – Suite Francesa